O BC (Banco Central) divulgou, nesta terça-feira (6), a ata do Copom (Comitê de Política Monetária) referente à última reunião, a qual decidiu pela manutenção da Selic em 10,50% a.a. De acordo com o documento, porém, o comitê “não hesitará” em elevar a taxa de juros para atingir a meta de inflação.
O comitê avaliou, de forma unânime, que o momento pede cautela e “acompanhamento diligente dos condicionantes da inflação, sem se comprometer com estratégias futuras”.
Segundo os membros do Copom, o cenário externo se mantém “adverso”, com volatilidade de variáveis de mercado devido a menor sincronia nos ciclos de queda de juros, já iniciados em alguns países avançados e ainda por iniciar em outros.
Em relação à economia dos EUA, o BC destacou que as incertezas quanto ao ritmo da atividade econômica persistem, uma vez que, por um lado, os dados correntes sugerem resiliência, e, por outro lado, observa-se uma desaceleração nos dados de emprego e as condições financeiras se mantêm apertadas por um período já prolongado.
“De todo modo, vislumbra-se um cenário de redução gradual da inflação e da atividade e um início cauteloso da flexibilização monetária”, pontuou o comitê.
Ata do Copom: BC destaca que risco fiscal tem impactado a política monetária
O Comitê de Política Monetária afirmou que a percepção mais recente dos agentes de mercado sobre o crescimento dos gastos públicos e a sustentabilidade do arcabouço fiscal vigente, junto com outros fatores, vem tendo impactos relevantes sobre os preços de ativos e as expectativas.
“Uma política fiscal crível e comprometida com a sustentabilidade da dívida contribui para a ancoragem das expectativas de inflação e para a redução dos prêmios de risco dos ativos financeiros, consequentemente impactando a política monetária”, diz a ata.
“O Comitê reforçou a visão de que o esmorecimento no esforço de reformas estruturais e disciplina fiscal, o aumento de crédito direcionado e as incertezas sobre a estabilização da dívida pública têm o potencial de elevar a taxa de juros neutra da economia, com impactos deletérios sobre a potência da política monetária e, consequentemente, sobre o custo de desinflação em termos de atividade”, reforça o texto.
Os membros avaliaram que os dados referentes à inflação sugerem “arrefecimento” no processo desinflacionário.
“As taxas de inflação de bens industriais e de alimentação no domicílio mantiveram suas recentes trajetórias, deixando de contribuir para a desinflação nesse estágio do processo desinflacionário. Concomitante a isso, a inflação de serviços, que tem maior inércia, assume papel preponderante na dinâmica desinflacionária no estágio atual”.