Auxílio Brasil: antecipação pode acelerar empresas de varejo na Bolsa?

Governo anunciou antecipação do calendário do benefício após primeiro turno das eleições

O Governo Federal anunciou a antecipação do calendário do Auxílio Brasil nesta segunda-feira (3). O anúncio foi feito após o atual presidente Jair Bolsonaro (PL) ficar atrás de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), no primeiro turno das eleições. Os beneficiários receberão os pagamentos até cinco dias antes do segundo turno.

Em outras épocas, o anúncio de uma antecipação do auxílio poderia mexer com algumas empresas da Bolsa, mas dessa vez, de acordo com especialistas, a medida não deve influenciar empresas do varejo com capital aberto, já que possui um cunho muito mais político do que econômico. 

De acordo com Rafael Pastorello de Souza, analista de investimentos CNPI-T e aluno da Eu Me Banco, a medida é vista como um meio de incentivo do governo, que busca reverter a situação para o segundo turno. 

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“Vejo que a medida não irá causar uma grande interferência, seja no curto ou médio prazo, até porque é uma antecipação só de alguns dias. Parece ser mais uma medida política de fato, apesar de eles já terem antecipado uma parcela antes”, disse Souza.

“Não vejo uma mudança significativa nas empresas do varejo no curto prazo, nem na possível valorização delas na bolsa”, complementou o analista e aluno da Eu Me Banco.

Vale lembrar que o Auxílio Brasil substituiu o Bolsa Família na gestão Bolsonaro. Isso porque o Bolsa Família ficou marcado por ser um dos símbolos do governo petista.

O analista ressaltou que a antecipação do auxílio Brasil injeta mais liquidez na economia antes do previsto, porém não é o suficiente para mexer com a economia. 

“Se fosse uma questão de anteciparem o pagamento em 2 ou 3 meses, ok, mas como a antecipação foi de 2 semanas, não interfere muito”, destacou Souza.

Rodrigo Cohen, analista CNPI e co-fundador da Escola de Investimentos, concorda com Souza e diz que o impacto deve ser pequeno nas empresas de varejo no curto prazo.

“Quando a gente tem aumento de benefícios, estímulos econômicos, com certeza o consumo aumenta e a inflação também pode aumentar. Não acho que esse caso específico seja para aumento de empresas listadas em bolsa de varejo. Talvez compras de Natal pode ser que aumente. Não acho que o impacto é tão grande agora”, disse Cohen. 

Cohen ainda destacou que o Brasil está indo para um lado contrário ao que pode beneficiar o varejo. “O impacto que vamos ter vai ser para o outro lado, pode ser um impacto inflacionário grande, porque o Brasil – além de conceder esse benefício do auxílio Brasil – está cortando impostos. Dessa forma, por um lado está saindo dinheiro e por outro lado está deixando de entrar dinheiro, então acho que isso é um risco maior para o País”, acrescentou Cohen.