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Azul (AZUL4) e Gol (GOLL4): acordo é visto como potencial fusão

‘Codeshare’ não precisa ser submetido ao Cade, mas especialistas dizem que essa operação tende a chamar a atenção do órgão antitruste

Azul (AZUL4)
Azul (AZUL4) / Divulgação

O acordo de cooperação comercial entre Azul (AZUL4) e Gol (GOLL4), anunciado na quinta-feira (24), agitou o mercado, que interpretou a aproximação como um prelúdio de uma possível consolidação entre as companhias.

Na última sexta-feira (25), as ações da Gol subiram 11,9%, para R$ 1,41, e as da Azul saltaram 5,18%, para R$ 10,36 – a maior valorização do Ibovespa no dia.

A parceria conectará as malhas aéreas das duas companhia no País através do sistema de codeshare – compartilhamento de voos – e integrará os programas de fidelidade de ambas.

Ao adquirir os trechos incluídos no codeshare, os clientes terão a opção de escolher em qual programa acumularão os pontos aos quais têm direito. Com cerca de 1.500 decolagens diárias, a parceria entre Azul e Gol criará mais de 2.700 oportunidades de viagens com apenas uma conexão.

A parceria entre Azul e Gol despertou memórias no mercado sobre uma colaboração estabelecida entre Latam e Azul em 2020, a qual foi abruptamente encerrada cerca de um ano depois.

Isso ocorreu devido à tentativa de consolidação feita pela Azul em relação à Latam durante o período de chapter 11 (recuperação judicial nos EUA) da empresa chilena.

Azul em conversas com a Gol

Nos bastidores, há rumores de que a Azul avançou em conversas com a Gol visando uma consolidação.

Inicialmente, especulou-se que a Azul estaria interessada em adquirir a Gol, mas a perspectiva mais fortalecida é de uma fusão entre as duas empresas, possivelmente com a participação da Abra – holding da Gol e da colombiana Avianca – como acionista.

A questão sobre quem seria o controlador ainda está em aberto. Atualmente, a Azul é controlada pelo empresário David Neeleman.

O codeshare é um acordo comercial e, portanto, não requer aprovação do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade). No entanto, especialistas apontam que, devido à sua natureza, ele pode ser considerado uma operação diferenciada e atrair a atenção do órgão regulador.

O negócio também possui um contexto significativo, que é a indicação nos bastidores dada por Gol e Azul sobre uma possível consolidação futura. Se o acordo for interpretado como uma preparação para uma fusão posterior, isso pode despertar preocupações no Cade.

Durante o período em que a Latam estabeleceu um codeshare com a Azul, a Gol solicitou ao Cade a aplicação de alguma sanção contra as empresas devido a uma prática que, potencialmente, poderia prejudicar os consumidores. No entanto, a demanda da companhia aérea não progrediu devido ao contexto da pandemia que afetava a indústria na época.

Apesar do histórico do Cade de não requerer uma notificação prévia em casos de codeshare, especialistas explicaram que a autarquia tem a autoridade para solicitar uma análise da operação.

Avaliação do mercado

Em um relatório, a equipe do Bradesco BBI observou que o acordo atual parece mais substancial em comparação com o assinado entre a Azul e a Latam em agosto de 2020.

Isso se deve ao fato de que o acordo anterior não abrangia os programas de passageiro frequente e era limitado a 64 voos domésticos.

O BBI também ressaltou que a parceria parece ser um passo preliminar em direção a uma possível fusão das empresas.

Por sua vez, o Itaú BBA espera que o acordo beneficie a Azul ao proporcionar acesso a uma malha mais ampla, conectando-se às suas operações regionais.