Azul (AZUL4) tem na queda das passagens o combustível para resultados

Segundo especialistas, resultados de tráfego da Azul apontam para recuperação da lucratividade da aérea

A Azul (AZUL4) teve uma forte demanda no mês passado, com o aumento de 21,5% no tráfego de passageiros consolidado (RPKs) em agosto deste ano frente ao mesmo mês de 2021. Para os analistas consultados pelo BP Money, as perspectivas seguem positivas na demanda e oferta da empresa, impulsionadas pelas passagens aéreas e o valor do combustível, que diminuíram em agosto.

O que é preciso ficar atento, segundo os especialistas, é em relação aos cenários de atuação da companhia aérea. Isso porque no cenário doméstico a empresa apresenta uma evolução em relação ao período pré-epidêmico, mas já no internacional os números estão abaixo de 2019. 

“Olhando os dados da Azul, temos que separar o doméstico do internacional. O doméstico continua apresentando evolução mesmo contra o período de 2019, que era o pré-pandêmico, uma evolução bem forte no número de capacidades ofertadas”, afirmou Khalil de Lima, analista Reach Capital.

“O internacional ainda está abaixo do período pré-pandêmico, vem evoluindo sequencialmente, mas sabemos que, por causa das restrições, essa demanda ainda está um pouco abaixo, até pelo poder de consumo do brasileiro. À medida que a gente continua saindo desse ambiente macro que a gente vive, essa demanda internacional ainda deve vir e deve continuar ajudando a Azul a melhorar esses números e voltar para o nível pré-pandêmico”, complementou Lima. 

O analista da Reach destacou que o load factor (relação entre oferta e demanda, ou seja, basta dividir o número de passageiros pagantes pelo número de assentos disponíveis no avião) caiu um pouco em agosto. 

“O preenchimento no avião, a demanda, deu uma caída, mas é coisa mínima, não vai afetar tanto o preço das passagens, porque ainda está bastante alto o nível de preenchimento dos aviões no cenário doméstico”, disse Lima. 

O analista reforçou a tese de que os números vieram fortes e isso indica que a demanda ainda está puxando bem os resultados da companhia. 

“Tudo o que eles estão conseguindo ofertar a mais ainda está sendo preenchido, o que deve ter uma perspectiva positiva de tarifa em um patamar elevado para o fim do ano, se continuar nesta toada”, afirmou Lima. 

Para Fabio Louzada, CEO da Eu Me Banco e analista de investimentos CNPI, mesmo com os resultados positivos de tráfego divulgados pela Azul, referentes ao mês de agosto, há um entendimento do mercado, em geral, de que ainda existe um caminho a ser percorrido pelo setor aéreo até a recuperação dos prejuízos acumulados durante a pandemia de Covid-19. 

“O isolamento social para conter a disseminação da doença custou caro para este segmento. Em seu recente relatório de retomada de cobertura do setor de transportes e bens de capital, o Bank of America alerta para a probabilidade das brasileiras Gol e Azul terem, até o final do próximo ano, um desempenho mais fraco que o setor. Entretanto, isso não significa que elas terão um desempenho de todo ruim”, disse Louzada.

O que pode impulsionar os resultados da Azul (AZUL4)? 

De acordo com Louzada, a ampliação da oferta de destinos regionais pela Azul, já nessa temporada, e a possibilidade de ampliação da operação em Congonhas, prevista para 2023, são pontos positivos para a aérea. 

“Esses pontos devem impulsionar o desempenho da empresa. Também contribui para o cenário de recuperação a deflação que levou a redução do preço das passagens aéreas, que havia subido muito nos últimos meses, e a queda do querosene da aviação”, disse Louzada.

“Os resultados de tráfego da Azul apontam para recuperação da lucratividade, tese endossada pelo presidente da companhia, John Rodgerson, que acredita que a demanda robusta aferida em agosto (aumento de 21,5% em relação ao mesmo mês de 2021) continuará forte nos próximos meses, com tarifas médias acima dos níveis de 2019”, concluiu o analista e executivo da Eu Me Banco.