O executivo-chefe de investimentos do Itaú Unibanco, Nicholas McCarthy, avaliou que mesmo com inflação elevada, juros em alta e eleições previstas para acontecer este ano, a bolsa de valores brasileira se apresenta como sustentável ao longo do ano.
“Somos mais construtivos do que a média do mercado. Os ativos brasileiros estão negociando com um desconto entre 20% a 30% na comparação com a média histórica”, destaca.
O responsável pela recomendação de investimentos para clientes com carteiras e CIO afirma que em 2023, os fatores citados anteriormente, inflação alta, juros em elevação e incertezas políticas, serão problemas ultrapassados. “A partir da metade do ano, o foco dos investidores estará no que vai acontecer em 2023”, diz. “Se a gente acredita que a inflação vai cair e o próximo governo, seja qual for, terá uma agenda pró-país, então há espaço para queda de juros e PIB melhor.”
Sob uma perspectiva otimista, mas ao mesmo tempo cautelosa, o executivo diz acreditar que o Brasil está mais resiliente a uma subida de juros pelo Federal Reserve (Fed, o banco central americano). “O Brasil está à frente do Fed na política monetária” e os ativos domésticos já precificam um cenário pior que o existente, o que confere certa capacidade de absorver um choque no exterior. A seguir, os principais trechos da entrevista.
“A gente entende que o Brasil tem um grande desafio fiscal. Mas tem coisas positivas. Mesmo este governo tendo gasto R$ 800 bilhões a R$ 900 bilhões para combater os impactos da covid-19, em 2021 a relação dívida/PIB acabou caindo de 88% para 81%. O governo foi, apesar dos ruídos, disciplinado. Entendo que há muitos desafios, é um ano complexo, tem pressão por aumentos de salários, inflação alta, várias demandas. Mas para o ano que vem o cenário melhora”, avalia McCarthy sobre como o cenário fiscal deve incidir sobre os ativos.