
O Banco do Brasil (BBAS3) deve ter tido um segundo trimestre mais difícil do que o inicialmente projetado pelos investidores, segundo o relatório do JPMorgan divulgado aos clientes nesta quarta-feira (16). A deterioração das condições de crédito no setor do agronegócio no período, aliada ao aumento esperado das provisões para perdas com empréstimos, pode pressionar significativamente os resultados do banco estatal.
Os dados recentes do BC (Banco Central) mostram um cenário pouco animador para o segmento, o que levanta preocupações sobre o desempenho financeiro da instituição no curto prazo.
Às 12H47, as ações do Banco do Brasil operavam em queda de 3,16% a R$ 20,24, perto da mínima de R$ 20,17. O volume negociado era de R$ 399,54 milhões.
Agronegócio sofrendo
A piora no crédito rural é o principal fator de alerta. O JPMorgan estima que a formação de novos créditos problemáticos no agronegócio pode dobrar na comparação trimestral, partindo de uma base já pressionada no primeiro trimestre. O banco tem apresentado desempenho inferior ao do setor em geral, o que, na avaliação da instituição americana, reforça o risco de deterioração dos ativos.
Com base nas tendências da indústria e nos padrões históricos do Banco do Brasil, o JPMorgan projeta um aumento de aproximadamente 20% nas provisões ligadas ao agronegócio, saltando de R$ 5 bilhões no primeiro trimestre de 2025.
Provisões altas impactando no lucro
Além do agronegócio, o JPMorgan considera que as provisões referentes a pessoas físicas e empresas devem se manter no patamar do trimestre anterior – em torno de R$ 6 bilhões – mas com risco de piora. Com isso, o total de provisões brutas deve alcançar os R$ 12 bilhões no trimestre, antes de recuperações e impairments.
Como consequência, o banco americano revisou para baixo sua expectativa de lucro líquido do Banco do Brasil no segundo trimestre de 2025, projetando na casa dos R$ 4,9 bilhões, uma queda de 19% em relação à estimativa anterior e 15% abaixo do consenso de mercado.
Para o terceiro trimestre, a expectativa também foi colocada para baixo, com lucro estimado em R$ 6 bilhões, 10% abaixo das projeções consensuais, diante de um ambiente mais desafiador para o crédito rural.
No acumulado do ano, a nova estimativa do JPMorgan é de um lucro líquido de R$ 25 bilhões em 2025, o que representa uma redução de 8% frente à projeção anterior e 9% abaixo do consenso atual. Nesse cenário, o banco estatal está sendo negociado a 4,7 vezes o lucro estimado para 2025 e a 3,9 vezes o de 2026.
O que Banco do Brasil pode fazer?
Apesar do cenário adverso, o JPMorgan acredita que o Banco do Brasil tem instrumentos para mitigar os impactos em sua estrutura de capital. Entre as possíveis estratégias estão a desaceleração do crescimento da carteira de crédito e a redução no pagamento de dividendos. Ainda assim, o banco americano alerta que o mercado pode ter que revisar novamente suas expectativas.
A recomendação do JPMorgan para as ações do Banco do Brasil foi mantida em “neutra”, com preço-alvo em R$ 26,00 por ação. A próxima divulgação dos dados de crédito do Banco Central referentes a maio, prevista para o início de agosto, deve ser um ponto crucial para confirmar ou reavaliar esse cenário negativo, diz a JPMorgan.