O balanço trimestral do Banco do Brasil (BBAS3) será divulgado na segunda-feira (13), após o fechamento do mercado. Espera-se mais um trimestre de destaque da instituição financeira frente aos seus concorrentes diretos. Segundo especialistas consultados pelo BP Money, a menor exposição do BB ao crédito ao varejo e pequenas e médias empresas (PMEs) deverá manter a posição de campeão dos “bancões” do banco estatal.
De acordo com Larissa Quaresma, analista da Empiricus Research, o resultado do quarto trimestre do Banco do Brasil deve ser o melhor dentre os bancões.
“Na visão relativa, o BB tem a menor exposição às Americanas, além de ter também menos representatividade do crédito ao varejo e às pequenas e médias empresas, segmentos que têm gerado bastante inadimplência”, disse Quaresma.
A especialista reiterou que a carteira de crédito do Banco do Brasil também sai na frente dos outros “bancões” por ser mais focada no produtor rural, que teve mais um bom ano.
“Com isso, acreditamos que, por mais um trimestre, o BB sinta bem menos os efeitos dos calotes. Além disso, as receitas de serviços também devem ter destaque, diante do bom resultado de BB Seguridade, divulgado nos últimos dias, e da Selic mais alta, que favorece a captação de recursos para os fundos de investimentos da companhia, via de regra conservadores”, afirmou Quaresma.
O analista de investimentos CNPI-T e aluno da Eu Me Banco, Rafael Pastorello, seguiu a mesma linha da analista da Empiricus e salientou que o Banco do Brasil, em conjunto com o Itaú, está entre as instituições com potencial para apresentar o melhor resultado no setor.
“A gente teve o Bradesco e Santander apresentando resultados ruins, e pelo fato da carteira do Banco do Brasil ser mais defensiva na parte de índices de cobertura, no comparativo com esses outros bancos, deve apresentar um resultado mais interessante. Até porque o Santander e o Bradesco tiveram provisões maiores relativas ao caso das Americanas, o que acabou afetando mais o balanço dessas instituições frente ao Banco do Brasil, por exemplo”, explicou Pastorello.
“Na minha visão, o Itaú e o Banco do Brasil devem permanecer na liderança na questão da rentabilidade”, complementou o especialista.
No BB, resultado deve ser bom, mas não há esperanças de grandes surpresas positivas
No terceiro trimestre de 2022, o Banco do Brasil registrou lucro líquido ajustado de R$ 8,36 bilhões, uma alta de 62,7% em relação ao mesmo período de 2021. O lucro reportado no período foi acima das projeções do mercado.
O BB justificou a melhora nos números destacando o bom desempenho da margem financeira bruta, boa diversificação nas receitas com serviços e “despesas sob controle e capital forte”.
Para Carlos André Vieira, analista-chefe da casa de análises do TC, o recorde de lucro líquido do trimestre anterior não deve se repetir no quarto trimestre de 2022, até porque, em quase todo o setor financeiro, os bancos têm aumentando provisões para devedores duvidosos e reduzido a rentabilidade.
“O Banco do Brasil deve seguir um caminho parecido com o Itaú, com o aumento da provisão, mas manutenção do lucro a patamares próximos. Ele pode ou não renovar o recorde histórico de lucro, mas deve ficar bem próximo a esse valor sem muitas mudanças significativas. A carteira do Banco do Brasil é bastante resiliente. Assemelha-se a do Itaú porque é crédito consignado, grandes empresas e agro, que são setores bastante resilientes neste momento”, disse Vieira.
O especialista também destacou que o Banco do Brasil é uma das instituições financeiras com menor exposição ao caso Americanas.
Vieira afirmou que espera-se uma estabilização das outras contas do balanço, como a receita com serviços, que deve vir relativamente constante e as despesas operacionais com um pouco de crescimento.
“Apesar do banco estar em um período de uma mudança na sua dimensionalidade, está tentando fechar algumas operações um pouco menos lucrativas para focar no que ele consegue obter uma maior rentabilidade como empréstimo consignado e crédito agro”, disse Vieira.
Para além da forte presença no setor agrícola e as baixas taxas de inadimplência do crédito agrícola, o BB deve se beneficiar da carteira de investimentos, como explicou Fabricio Gonçalvez, CEO da Box Asset Management.
“A carteira de investimentos do BB inclui uma grande quantidade de renda fixa, muito procurada pelos investidores. Em resumo, o Banco do Brasil parece ser uma escolha resiliente, graças à sua presença forte no agronegócio, diversificação de sua carteira de crédito e estratégia de eficiência operacional. Além disso, a perspectiva otimista com a reabertura da China também contribui para a perspectiva positiva para o próximo balanço financeiro”, disse Gonçalvez.