No Banco Inter (INBR31), resultados fortes devem vir só em 2023

Especialistas esperam que os resultados do Inter (INBR31) sigam em linha com o trimestre imediatamente anterior

A controladora do Banco Inter (INBR31), Inter & Co, registrou, no segundo trimestre de 2022, lucro líquido de R$ 15,5 milhões e reverteu seu prejuízo de R$ 30 milhões, apresentado no mesmo período de 2021. Para o terceiro trimestre, especialistas esperam que os resultados sigam em linha com o trimestre imediatamente anterior. De acordo com os analistas consultados pelo BP Money, os resultados “mais robustos” só devem aparecer no Inter a partir de 2023. 

Apesar da expectativa no crescimento no número de clientes e a perspectiva de bons números no Intershop e outras frentes do banco, Rafael Ragazi, sócio e analista de ações da Nord Research, afirma que o crescimento do Inter não deve ser robusto no terceiro e quarto trimestre de 2022.

“O resultado vai ser o que já vemos há um tempo. Isso não deve mudar neste ano, porque o banco está entregando próximo de zero, porque está dosando seu crescimento, de acordo com a capacidade que ele tem de geração de resultado. Enquanto ele tiver oportunidade para fazer investimentos em sua estrutura ou carteira de crédito, ele vai fazer isso até onde entender que chegou no ponto ideal e, de fato, é só continuar crescendo e aumentando sua monetização”, disse Ragazi.

Segundo Gustavo Franco Freitas, analista de investimentos CNPI-T e aluno da Eu me banco, a expectativa do mercado em cima do Banco Inter é de equilíbrio entre as receitas e as despesas para o terceiro trimestre de 2022, voltando a crescer novamente no último trimestre do ano e, principalmente, em 2023. 

“O banco, durante muito tempo, focou muito em seu crescimento, porém a gestão afirma que além disso os lucros da empresa também devem subir bastante nos próximos anos”, disse Freitas. 

Em relação aos possíveis destaques do banco no terceiro trimestre de 2022, Freitas afirmou que o banco apresenta uma fonte de receita diversificada e a perspectiva é que se tenha desaceleração de subscrição de crédito

“A expectativa é de uma desaceleração de subscrição de crédito, assim como no segundo trimestre, índice de inadimplência, que está em crescimento, bem próximo ao do trimestre anterior e alta de retorno sobre patrimônio (ROE)”, disse Freitas.

Para Carlos Daltozo, analista da Eleven, a expectativa é de que o banco apresente um lucro líquido próximo do que foi divulgado no segundo trimestre, em torno de R$ 17 milhões.

“O banco deve ter uma boa evolução operacional, uma vez que, com a Selic elevada, o Inter acaba tendo benefícios sobre os seus concorrentes digitais – já que as fintechs tem limitações para captar recursos e o Inter tem um peso regulatório e uma plataforma mais robusta. Para o longo prazo, recomendamos compra para o Inter e essa expectativa de resultado no terceiro trimestre deve vir muito próxima do que foi o segundo trimestre”, disse Daltozo.

De acordo com Ragazi, sócio e analista de ações da Nord Research, apesar dos papéis do banco serem pressionados pela alta da Selic, a virada de 2022 para 2023 deve ser “a transição” para o Inter. 

“Esse ano é o de transição. A partir do ano que vem, devemos, de fato, ver o resultado do Inter começar a crescer e ser mais robusto. Para esse e para o próximo trimestre, o que veremos é o que temos visto nos últimos trimestres, ou um pequeno prejuízo ou um pequeno lucro”, disse Ragazi. 

Ragazi afirmou que um dos destaques do banco para o 3T22 deve ser o crescimento de clientes.

“Provavelmente, deve chegar em algo em torno de 23 milhões, o que seria um crescimento de 62% na comparação anual, só que a receita cresce mais do que o que a base cresce. Isso porque a capacidade de monetização no Inter está em uma crescente. A empresa fez diversos investimentos para expandir seu ecossistema. Basicamente, ela tem, hoje em dia, uma oferta de produtos e serviços muito robusta e está começando a colher os frutos disso”, afirmou o analista da Nord. 

Possíveis destaques do Banco Inter no 3T22 

O analista Rafael Ragazi, da Nord, explicou que o Inter tem sido mais conservador na concessão de crédito, devido ao cenário macro, porém ainda assim a empresa pode ver a carteira de crédito crescer 50% neste ano. 

Em relação à inadimplência, o analista acredita que os indicadores deve apresentar uma certa instabilidade, já que o cenário no trimestre ainda não foi o ideal. 

“Não acho que já vem uma melhora da inadimplência agora não. Sobre o crédito, o Inter tem a opção de ser mais conservador na concessão de crédito, porque ele tem diversas fontes de receita. Ele não tem receita só com crédito, então ele pode ser conservador nesse quesito e não dar um prejuízo enorme e afetar a empresa, o que não é a realidade dos concorrentes diretos da companhia”, disse Ragazi. 

“No Intershop, que é o marketplace da empresa, devemos ver um GMV próximo de R$ 1 bilhão. Já tem alguns trimestres que vemos isso. Provavelmente, veremos uma estabilidade de GMV, na comparação anual, só que uma geração de receita muito maior, porque o take rate hoje é muito maior, então não me surpreenderia ver um GMV estável e uma receita no Intershop crescendo mais de 50%”, destacou também Ragazi. 

Carlos Daltozo, analista da Eleven, salientou que a Inter Invest, plataforma de investimento do Banco Inter, deve apresentar um bom volume captado no terceiro trimestre. “Além disso, a divisão de cartões deve apresentar uma boa evolução trimestral, porém com o seu resultado financeiro pressionado por esse cenário de deflação ao longo dos últimos meses”, pontuou Daltozo. 

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