Banco Master: redução da Selic foi na direção correta, diz Gala

"Mostra que é um Copom bastante técnico", avalia Paulo Gala

O economista-chefe do Banco Master, Paulo Gala, elogiou a decisão do Copom (Comitê de Política Orçamentária) de reduzir em 0,5 ponto percentual a taxa básica de juros no Brasil, baixando a Selic para 13,25% ao ano. É a primeira vez em dois anos que a autoridade monetária optou por cortar a taxa.

Gala destacou que o Copom tinha excelentes argumentos para cortar 0,25 p.p – que era a aposta da maioria dos analistas – tanto para cortar 0,50 p.p. “Foi uma decisão técnica e na direção correta. Uma boa notícia para começar o período de flexibilização no Brasil”, afirmou ao BP Money. 

O economista analisa de forma positiva a divisão entre os integrantes do colegiado. Todos os membros do Copom votaram a favor da redução dos juros. Roberto de Oliveira Campos Neto, Ailton de Aquino Santos, Carolina de Assis Barros, Gabriel Muricca Galípolo e Otávio Ribeiro Damaso votaram pelo corte de 0,50 ponto percentual. Diogo Abry Guillen, Fernanda Magalhães Rumenos Guardado, Maurício Costa de Moura e Renato Dias de Brito Gomes, pela redução em 0,25 ponto percentual.

Segundo Gala, isso mostra divergências de ideias, o que na opinião dele é algo positivo. “É importante registrar o voto de Campos Neto no voto de 0,50 p.p  e não 0,25 p.p. É uma decisão hawkish, não é uma decisão super dovish na direção de flexibilização monetária, até porque já sinalizaram que na próxima reunião vem 0,50 p.p. e quatro diretores foram contra o corte de meio ponto. Então mostra que é um Copom bastante técnico”, frisou.

Em relação ao comunicado, ele disse que chamou a sua atenção a projeção da inflação de 3% para o final de 2025, o que está dentro da meta estipulada pelo Boletim Focus.

Gala ainda comentou que o resultado já começou a surtir efeito fora do Brasil. “Lá fora a reação foi bastante positiva entre os mercados. A EWZ que é a principal ETF de ativos brasileiros em Nova York, já subiu mais de 2%. O mercado deve gostar da decisão”, pontuou. 

Expectativa 

O sócio sênior da Seneca Evercore e ex-presidente do Goldman Sachs no Brasil, Daniel Wainstein, falou sobre os possíveis efeitos que a decisão do Copom pode ter sobre a bolsa de valores brasileira.

“Uma taxa básica mais baixa, aliada a um retorno esperado pelo investidor, deveria levar a um aumento no valor das empresas brasileiras. Em parte, o aumento do Ibovespa nos últimos meses também representa que o investidor já acreditava que reduções na taxa básica estavam por vir. A ratificação dessa expectativa é muito importante e, a partir de amanhã, outras expectativas serão formadas sobre quando virão novas reduções na nossa taxa básica. E, sem dúvida, temos ainda muito espaço para novas reduções significativas em um futuro próximo”, avaliou. 

Wainstein diz que a redução pode ser benéfica, mas diz que é preciso ter cautela para a mudança surtir efeito. “Os bancos poderão captar dinheiro a uma taxa mais baixa, mas se não diminuir o spread (diferença entre taxa que empresta a clientes e taxa que paga pelos seus recursos), de nada adiantará para o consumidor ou para nossos clientes, as empresas brasileiras”.