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Bancões privados reduziram lucros em 10% em 2023

O lucro líquido consolidado dos quatro maiores bancos privados brasileiros totalizou R$ 67,1 bilhões em 2023

O lucro líquido consolidado dos quatro maiores bancos privados brasileiros listados no Ibovespa totalizou R$ 67,1 bilhões em 2023, uma queda de 9,4% em comparação ao resultado de 2022, quando o lucro total foi de R$ 74,1 bilhões

As informações foram levantadas pelo analista Einar Rivero, da consultoria da Elos Ayta, a partir de dados divulgados pelas instituições financeiras, disponíveis na plataforma “Com Dinheiro”.

Entre os quatro bancões privados do país, o Itaú (ITUB4) apresentou o maior crescimento de lucratividade em 2023, com avanço de 26,6%. Ele foi seguido pelo BTG Pactual (BPAC11), com 10,2%. O Santander (SANB11) recuou 38,2% e o Bradesco (BBDC4), 31,6%. “Essas quedas foram as maiores individualmente desde 2011”, diz Rivero.

O analista observa que tanto o Itaú quanto o BTG vêm apresentando um crescimento constante desde 2000, enquanto o Santander e o Bradesco têm experimentado uma queda contínua desde 2021. O maior lucro consolidado dos quatro bancos ocorreu em 2022, com R$ 74,1 bilhões, período que marcou o segundo ano de crescimento no pós-pandemia.

Outro destaque, segundo Rivero, foi o fato de o BTG ter atingido, pela primeira vez, um lucro superior ao do Santander em 2023, sinalizando mudanças na hierarquia dos bancos privados no mercado brasileiro.

Bradesco: lucro recorrente abaixo do esperado

O Bradesco comunicou ao mercado, na manhã desta quarta-feira (7), os resultados reportados no quarto trimestre de 2023 (4T23). O banco apresentou um aumento significativo de 80,4% no lucro líquido recorrente em comparação com o mesmo período do ano anterior, passando de R$ 1,595 bilhão para R$ 2,878 bilhões. O quarto trimestre de 2022 (4T22) foi marcado por uma provisão para toda a exposição à Americanas (AMER3), que entrou em recuperação judicial em janeiro do mesmo ano.

Apesar do aumento no lucro, o resultado ficou consideravelmente abaixo da média da LSEG, que projetava um lucro de R$ 4,57 bilhões, representando uma queda de 37,7% em relação ao terceiro trimestre do ano anterior. No mesmo período, o lucro líquido contábil atingiu R$ 1,703 bilhão, representando um aumento de 18,5% em comparação com os R$ 1,437 bilhão registrados no ano anterior.

Em 2023, o lucro líquido recorrente totalizou R$ 16,3 bilhões, refletindo uma queda de 21,2% em relação ao ano de 2022. Esse declínio foi influenciado pelas despesas relacionadas à Provisão para Devedores Duvidosos (PDD) e pela redução da margem financeira com os clientes. Para mitigar os riscos, o banco reduziu o ritmo das concessões de crédito em linhas consideradas mais arriscadas, o que resultou em uma redução no crescimento das receitas.

Esses efeitos persistiram no quarto trimestre, no qual o banco também registrou R$ 1,175 bilhão em itens não recorrentes. Deste montante, R$ 570 milhões foram alocados para uma provisão destinada à reestruturação, principalmente na rede de agências. Este movimento representa o primeiro passo do plano estratégico que o novo presidente, Marcelo Noronha, pretende implementar no banco.

“Agora, o Bradesco começa a executar um novo plano de iniciativas, que não tem paralelo na história do banco”, afirmou Noronha, através de nota. Ele disse que o balanço divulgado hoje começa a mostrar melhorias, em especial na aceleração do crédito massificado, que é mais rentável. “Considerando a qualidade das novas safras, vemos espaço para continuar expandindo a originação”, disse o executivo.