Bancos: 2T23 deve trazer resultados mistos, dizem analistas

A pedido do BP Money, analistas fizeram uma prévia dos resultados do 2T23 de Itaú, Banco do Brasil, Bradesco e Santander

O Santander (SANB11), abre, nesta quarta-feira (26), a temporada de divulgação de resultados do segundo trimestre de 2023 dos maiores bancos brasileiros. O desempenho do setor atrai a atenção dos investidores, já que nos últimos dias as ações das instituições financeiras estão fechando com sucessivas quedas. 

A pedido do BP Money, analistas fizeram uma prévia dos resultados do Itaú (ITUB4), Banco do Brasil (BBAS3), Bradesco (BBDC4) e Santander. Na opinião dos especialistas, os bancos devem reportar lucro líquido positivo, mas em comparação ao mesmo período do ano passado, os resultados devem ser mistos. 

“O mercado aguarda Bradesco e Santander com pessimismo, já Itaú e Banco do Brasil com otimismo”, cravou o especialista e assessor de investimentos da Miura Investimentos, Pedro Friedmann. 

O analista sênior da Planner Corretora, Victor Martins, explica que os quatro grandes bancos devem reportar resultados com crescimento em base trimestral, à despeito do incremento da inadimplência, menor resultado de tesouraria, pressão das despesas operacionais e com o custo do crédito pressionando as margens.

Para Martins, o lucro combinado destes quatro bancos deve alcançar R$ 23,7 bilhões no 2T23, cerca de 3% superior ao lucro combinado do 1T23 e com redução de 10% frente igual trimestre do ano anterior (R$ 26,4 bilhões).

“Em base anual teremos Santander e Bradesco com queda em função da forte base de comparação de igual trimestre do ano anterior, maior custo do crédito, menor margem com o mercado e ROE na casa dos 12% a.a. Já o Itaú Unibanco e BB devem apresentar crescimento entre 11% e 12% por incremento do crédito, inadimplência mais contida, e ROE na casa dos 20% a.a.”, detalhou. 

De acordo com os cálculos dos dois analistas, a estimativa é de que o Santander tenha lucro de R$ 2,4 bilhões, Itaú lucro de R$ 8,6 bilhões, Bradesco R$ 4,4 bilhões e Banco do Brasil R$ 8,5 bilhões. O resultado do Bradesco no 2T23 será divulgado dia 3 de agosto, enquanto o do Itaú no dia 7 e BB no dia 9.

“Segundo semestre melhor que o primeiro”

O professor de Economia da Universidade Anhembi Morumbi, Denis Medina, acredita que o segundo semestre de 2023 tem potencial de ser diferente da primeira metade do ano para os bancos. 

Na avaliação do professor, as instituições financeiras foram duramente impactadas pela taxa de juros e inadimplência nos primeiros seis meses, o que deve vir refletido no resultado do 2T23 do setor. 

“O segundo trimestre não tem informações positivas, então a gente pode esperar resultados um pouco mais minguados, com, principalmente, elevação da inadimplência. Outra coisa que tem impactado é a taxa de juros, que ainda está elevada. Isso tem encarecido o custo do dinheiro e tem prejudicado o resultado dos bancos”, afirmou Medina. 

Porém, na visão do professor, esses dois problemas devem ser amenizados nos próximos meses. Medina vê potencial no programa Desenrola Brasil para a diminuição do endividamento.

“Isso ‘limpa’ um pouco o balanço dos bancos e melhora a capacidade de empréstimo. Pode ser que no segundo semestre a gente tenha uma liberação maior de recursos pelos bancos e com isso mais dinheiro na economia. Isso, consequentemente, pode ser bem positivo para os bancos, com balanços mais limpos e com as negociações fluindo, a gente pode ver resultados melhores e talvez uma alta nas ações dos bancos”, projetou. 

“Imagino que o segundo semestre seja melhor do que o primeiro, inclusive porque está prevista a redução na taxa Selic para a partir de agosto. A inflação tem demonstrado uma estabilidade dentro da meta do banco central, então a inflação baixa é sinal claro de redução da atividade econômica”, concluiu.

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