O Banco do Brasil (BB) (BBAS3), comunicou ao mercado, nesta quarta-feira (29), que adquiriu 23,3 mil créditos de carbono por meio de um contrato no valor de R$ 1,2 milhão, provenientes de um empreendimento suspeito de envolvimento em casos de grilagem e fraudes nos estados do Amapá e Pará.
Em maio de 2023, a compra foi realizada, visando a compensação das emissões de CO2 da instituição pública, relacionadas, por exemplo, à geração de resíduos e à queima de combustíveis por veículos.
Um crédito de carbono representa uma tonelada de CO2 que não é liberada na atmosfera devido à prevenção do desmatamento.
Esses créditos são produzidos por empreendimentos e adquiridos por empresas que necessitam compensar suas próprias emissões de gases de efeito estufa.
Conforme estipulado no contrato, o BB pagou R$ 51,30 por cada um dos 23.391 créditos de carbono gerados pelo projeto Jari Amapá, localizado na Amazônia oriental. O projeto é liderado pela Jari Celulose em parceria com a Biofílica Ambipar, uma empresa especializada no mercado voluntário de créditos de carbono.
A Jari e a Ambipar também são parceiras em um empreendimento vizinho, o Jari Pará, que fornece créditos a diferentes clientes.
Projetos do BB
Em comunicado, o BB esclareceu que os dois projetos são distintos e que os créditos gerados no Amapá estão devidamente registrados e válidos na plataforma Verra, atendendo a todas as exigências de conformidade e verificações necessárias.
Além disso, o banco afirmou que esses créditos estão em conformidade com os requisitos do edital de licitação do banco.
A Jari Celulose disse que detém o título de propriedade do imóvel em questão no Amapá, “visto que é o proprietário da área antes mesmo da criação do território federal do Amapá (1943) e do estado do Amapá (1988)”.
A Biofílica Ambipar declarou ser uma prestadora de serviços do grupo Jari e realiza avaliações das propriedades antes e durante os projetos, seguindo os requisitos legais estabelecidos.
O Ministério Público (MP) do Pará e do Amapá estão investigando alegações de grilagem e irregularidades nos registros de propriedade relacionados à Jari Celulose, que estão vinculados à produção de créditos de carbono.
Em 2021, uma ação movida pela Procuradoria-Geral do Estado (PGE) no Amapá buscou a anulação do registro de matrícula de uma propriedade rural de 201,3 mil hectares localizada na região de Laranjal do Jari (AP), na divisa com o Pará, que estava registrada em nome da Jari Celulose.