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BC adia divulgação de dados por mobilização de servidores

Autarquia tem sofrido com frequentes paralisações, em meio a discussões sobre salários e plano de carreira

As divulgações de dados econômico e financeiros pelo Banco Central (BC) estão enfrentando atrasos devido a paralisações frequentes dos funcionários do órgão, que estão reivindicando melhorias salariais e planos de progressão na carreira.

Foi confirmado na quinta-feira (22), que o próximo Boletim Focus, contendo projeções de analistas, será divulgado na terça-feira (27), em vez da segunda-feira, como previamente anunciado.

Foi comunicado nesta sexta-feira (23) que, em uma exceção, a divulgação das Estatísticas do Setor Externo está agendada para as 8h30 do dia 6 de março, enquanto as Estatísticas Fiscais estão programadas para o mesmo horário no dia 7, e as Estatísticas Monetárias e de Crédito serão lançadas na manhã do dia 8. O Banco Central atribui essa mudança à mobilização de seus servidores.

A situação operacional do BC tem se deteriorado, conforme reconhecido pelo próprio presidente Roberto Campos Neto. Durante a posse no STF do ministro Flavio Dino ontem, ele afirmou que “o BC está enfrentando dificuldades”, com uma média de sete funcionários deixando a instituição por dia, principalmente para bancos privados, conforme informações divulgadas pelo GloboNews.

BC: Servidores fazem paralisação; mais de 500 deixam postos de chefia

Até esta terça-feira (20), mais de 500 servidores do Banco Central (BC) em cargos de chefia já haviam renunciado aos seus postos, marcando o início das 48 horas de paralisação da categoria. Cerca de 40% da hierarquia da instituição.

Durante o início da reunião do Comitê de Estabilidade Financeira (Comef), na qual todos os diretores do Banco Central estavam presentes, 43 chefes de unidade do órgão se uniram em uma manifestação conjunta. Nesse contexto, entregaram uma carta solicitando maior empenho na reestruturação da carreira.

A renúncia aos cargos por parte dos servidores é uma estratégia de pressão, uma vez que a ausência de ocupantes para funções-chave na instituição aumenta significativamente a probabilidade de atrasos em entregas e divulgações.

“A crise que atinge o Banco Central nos últimos anos tem se aprofundado. Às restrições orçamentárias, que dificultam a realização dos processos de trabalho e o desenvolvimento de projetos, se somam a constante redução do quadro de pessoal e o desalinhamento remuneratório crescente em relação a outras carreiras de Estado de papel estratégico para o País”, diz a carta.

“Tais fatores têm levado à deterioração aguda e sem precedentes do clima organizacional, que já tem impactos observáveis e ameaça seriamente a condução dos processos de trabalho. Nesse contexto, são crescentes os riscos para o cumprimento da missão institucional do Banco Central, inclusive para a execução de serviços críticos ao regular funcionamento da economia”, completa o documento.