A cotação final da taxa de câmbio Ptax para esta quinta-feira (11) ainda não foi divulgada pelo Banco Central (BC) devido ao movimento dos funcionários em busca de melhores condições de trabalho, conforme comunicado do sindicato dos servidores.
Desde o ano passado, os servidores do BC estão adotando uma operação-padrão, resultando no atraso sistemático na divulgação de dados econômicos. Nesta quinta (11), a divulgação da taxa de câmbio Ptax, que geralmente ocorre por volta das 13h10, ainda não tinha acontecido até as 16h30 devido ao movimento dos funcionários, conforme informou Fábio Faiad, presidente do Sindicato Nacional dos Funcionários do Banco Central, à Reuters.
Um operador do mercado de câmbio, em declaração à Reuters, afirmou que o atraso na divulgação da Ptax estava impactando negativamente as atividades comerciais. Isso ocorre porque essa taxa é utilizada como referência para a liquidação de diversas operações cambiais, incluindo aquelas relacionadas à compra e venda de moeda para importação e exportação.
Elaborada pelo Banco Central a partir das cotações do mercado à vista, a Ptax desempenha um papel crucial como referência para a liquidação de contratos futuros de dólar no início de cada mês, além de ser utilizada na liquidação de contratos derivativos de balcão negociados tanto no Brasil quanto no exterior.
Indagado pela Reuters sobre a Ptax referente a esta quinta-feira e se o protesto dos servidores impactou o atraso na divulgação, o Banco Central não forneceu uma resposta imediata.
BC: com greve de 24h, servidores alertam sobre ‘apagão’ nos serviços
Os servidores do Banco Central estão programando uma greve de 24 horas para esta quinta-feira (11), alertando para a possibilidade de um “apagão” nos serviços da instituição. Há previsão de interrupções operacionais em todos os serviços oferecidos pela autarquia monetária brasileira como consequência dessa ação.
“Isso impactará negativamente o atendimento ao mercado e ao público, incluindo cancelamento de reuniões, manutenção em sistemas e atraso na divulgação de informações”, disse, em nota, o Sindicato Nacional dos Funcionários do Banco Central (Sinal), confirmando o movimento que foi aprovado em assembleia geral no dia 28 de dezembro.
Dirigentes do Sinal projetam adesão de mais de 70% dos servidores à greve, motivada pela insatisfação com o tratamento às suas demandas e concessões desiguais a outras categorias do Estado. Iniciou-se o processo de entrega de funções comissionadas, com compromisso de devolução em fevereiro se as negociações não avançarem.
As operações compromissadas e a rolagem de swap cambial permanecem, conforme comunicados recentes. A categoria critica o descaso do Ministério de Gestão e Inovação em Serviços Públicos (MGI) em relação às reivindicações e denuncia concessões assimétricas a outras categorias.
O Sinal expressa preocupação com a falta de diálogo e o suposto açodamento autoritário do presidente do BC, Roberto Campos Neto, em questões como a PEC da Independência da autarquia. O presidente está em Miami para a reunião do Banco de Compensações Internacionais (BIS), enquanto o diretor de Administração, Rodrigo Alves Teixeira, responsável pelo diálogo, estará em Brasília amanhã com agenda interna.