Com o Brasil iniciando um ciclo de juros, que deve começar em setembro, o intervalo entre altas e cortes de juros pelo BC (Banco Central) pode ser menor se o governo demonstrar com mais clareza o compromisso com as regras fiscais vigentes no país. A afirmação foi feita nesta quinta-feira (12) pelo economista-chefe do BTG Pactual (BPAC11), Mansueto Almeida.
Segundo Mansueto, que também foi ex-secretário do Tesouro Nacional, os cortes de juros pelo BC, nesse cenário positivo, poderiam ocorrer já no primeiro semestre de 2025.
“As expectativas de inflação para os próximos anos se afastaram das metas, e é difícil saber se este vai ser um ciclo de 1,5 ponto percentual ou de 2 pontos de alta da Selic. O que é claro é que recomendamos ter altas de juros em setembro, novembro, dezembro e janeiro. Mas que acredite, se o governo mostrar que vai cumprir o fiscal, isso deve nos aproximar dos cortes de juros”, disse Mansueto, de acordo com o “Valor”.
Mansueto participou de um evento organizado pela agência de classificação de risco Fitch Ratings. No cenário base do BTG, a Selic (taxa básica de juros) deve chegar a 12% no início de 2025.
Na avaliação do economista, se o governo demonstrar um compromisso real com as regras fiscais, um ambiente muito mais favorável seria criado no Brasil. “Poderíamos ter queda de juros ainda no primeiro semestre do ano que vem. E isso não traria apenas uma queda no juro curto, que é controlado pelo Banco Central, mas também nos juros de longo prazo”, disse ele.
“Vamos lembrar que as taxas das NTN-Bs chegaram o ano por volta de 5,3% e hoje estão acima de 6%, o que impacta nossos investimentos e também no financiamento da dívida. O governo precisa ser muito mais claro do ponto de vista fiscal”, completou.
BC: novos rumos da Selic podem abalar a confiança na autarquia?
As perspectivas de uma elevação na Selic (taxa básica de juros) estão tomando conta do mercado com ainda mais força, ao passo que a reunião do Copom (Comitê de Política Monetária) se aproxima. Especialistas afirmam que os novos rumos podem, na verdade, fortalecer o trabalho do BC (Banco Central) em firmar confiança perante o mercado financeiro, mas o alerta segue ligado.
O último Relatório Focus, indicou que o consenso de economistas do BC espera uma alta na taxa de juros brasileira este ano, finalizando a 11,25% ao ano, ante os 10,50% anteriores.
A sinalização de que o momento da economia e do fiscal brasileiro demandam uma elevação da Selic foi dada já na decisão da última reunião do Copom, que ocorreu em 31 de julho. Essa indicação prévia, segundo Volnei Eyng, CEO da gestora Multiplike, mostrou que o BC tem construído bem sua confiança junto ao mercado.