Diante da postura mais dura (hawkish) dos BCs (Bancos Centrais) de diversos países emergentes, seguindo as indicações do Fed (Federal Reserve), estrategistas do Citigroup e do JP Morgan veem que as moedas desses mercados voltarão a ser atraentes para o carry trade.
“Argumentamos no passado que o carry nos mercados emergentes estava historicamente elevado, mas que provavelmente se normalizaria até meados de 2024. Isso agora parece menos provável, mantendo as cestas de carry mais atraentes”, avaliou a equipe do Citi.
“A atitude hawkish tem se espalhado do Fed para muitos bancos centrais de emergentes, o que não é atípico em um ambiente de dólar forte”, acrescentaram.
Para eles, a sinalização mais forte veio por parte do BC do Brasil, após a retirada de indicação de cortes em 0,5 p.p. junto a sugestão de desaceleração na flexibilização monetária.
“Mas não foi só o Brasil. Mesmo bancos centrais dos países da Europa Central e Leste Europeu, que poderiam e talvez devessem confiar mais no BCE, estavam alinhando seus discursos mais com a cautela crescente do Fed, em vez da linguagem mais dovish do BCE”, indicou o Citi.
BCs da Ásia se preparam para defender o câmbio
Além disso, o Banco Central da Indonésia aumentou a taxa básica de juros, chegando a uma máxima histórica, de acordo com o Bloomberg Línea.
Sendo assim, o movimento pode ditar o ritmo para outros bancos de países emergentes asiáticos, que têm trabalhado no reforço da defesa do câmbio, à espera da decisão do Fed.
Para os analistas do JP Morgan, o carry trade, que se refere a uma transação onde os investidores pegam empréstimos mais baratos em moedas fortes para investir em outras com maiores rendimentos, segue significativo nos mercados emergentes.
Eles também veem a transação como um fator-chave na diferenciação do desempenho cambial. “O câmbio dos mercados emergentes está se tornando mais atraente à medida que nosso índice de apetite ao risco sinaliza condições de sobrevenda”, afirmou a equipe do JP Morgan.
“O ambiente atual não é ruim para otimistas com câmbio dos mercados emergentes”, concluiu o banco em sua avaliação sobre os BCs e moedas emergentes.