Após a fuga de dinheiro de aplicações financeiras de maior risco, os brasileiros voltarão a buscar esses ativos de novo apenas quando a Selic cair abaixo de 10% ao ano, na avaliação de Karina Saade, diretora geral da BlackRock no Brasil. A executiva discursou em evento com jornalistas nesta quarta-feira (30), segundo informações do “Valor Investe”.
“Enquanto a taxa continuar alta, os clientes seguirão menos propensos a assumir risco”, disse. “Os juros precisam baixar para menos de 10% para acontecer uma retomada significativa da tomada de risco”. A executiva não se arrisca a prever quando a Selic diminuirá exatamente, mas acha que a taxa recuará no médio e longo prazo.
Segundo Axel Christensen, estrategista-chefe de investimento para América Latina da BlackRock, há a possibilidade do Banco Central diminuir a taxa de juros no ano que vem, uma vez que começou a elevar a Selic mais cedo para conter a inflação. Para ele, é por isso que o País pode ser menos afetado pela chance de recessão da economia global, que está crescendo.
Ainda segundo o executivo, o risco fiscal pode não afetar muito a percepção do Brasil entre os investidores estrangeiros, porque o País não está sozinho. “Vemos pressão para aumentar gastos em países como Chile e Colômbia, e nos países desenvolvidos, como no Reino Unido”, disse no evento.
Tendências em investimentos, segundo a BlackRock
A BlackRock ainda enxerga algumas tendências no mundo dos investimentos. Para a plataforma, a diferença entre gestão ativa, em que o gestor é livre para escolher os ativos que compõem uma carteira, e passiva, em que o gestor busca acompanhar um índice de mercado, está cada vez menor.
Por fim, a BlackRock também apostou em cinco megatendências globais para investidores de longo prazo: avanços tecnológicos, mudanças demográficas e sociais, rápida urbanização, mudanças climáticas e mudanças de poder econômico.