10% do total

Boeing planeja demitir 17 mil funcionarios nos próximos meses

Decisão foi anunciada em meio a perdas financeiras e greve que paralisa produção de aviões

Embraer (EMBR3)
Embraer (EMBR3) / Foto: Divulgação

A Boeing anunciou planos para reduzir cerca de 10% de sua força de trabalho nos próximos meses, o que representa aproximadamente 17 mil funcionários, em meio a contínuas perdas financeiras e à paralisação causada por uma greve que afeta a produção de seus aviões mais vendidos.

O novo CEO, Kelly Ortberg, comunicou aos colaboradores por meio de um memorando na sexta-feira (11) que os cortes incluirão executivos, gerentes e demais funcionários.

A empresa emprega cerca de 170 mil pessoas globalmente, com grande parte desse contingente alocada em suas instalações de fabricação nos estados de Washington e Carolina do Sul.

A Boeing, que havia implementado férias rotativas temporárias, anunciou a suspensão dessas medidas diante das demissões iminentes. O CEO Kelly Ortberg informou que a empresa também adiará o lançamento do novo avião 777X para 2026, em vez de 2025, e interromperá a produção da versão de carga do jato 767 em 2027, após concluir os pedidos em carteira.

Desde o início de 2019, a Boeing acumulou perdas superiores a US$ 25 bilhões. Além disso, cerca de 33 mil mecânicos sindicalizados estão em greve desde 14 de setembro.

As negociações realizadas ao longo de dois dias nesta semana não conseguiram chegar a um acordo, e a Boeing entrou com uma queixa contra a Associação Internacional de Maquinistas e Trabalhadores Aeroespaciais, alegando práticas trabalhistas injustas.

Relatório de resultados financeiros

Paralelamente ao anúncio das demissões, a Boeing divulgou um relatório preliminar de seus resultados financeiros do terceiro trimestre, trazendo más notícias para a empresa. No período, a companhia teve um gasto de US$ 1,3 bilhão e registrou uma perda de US$ 9,97 por ação.

Analistas do setor, consultados pela FactSet, projetavam uma perda de US$ 1,61 por ação no trimestre, mas não esperavam os grandes ajustes anunciados pela Boeing na sexta-feira: uma cobrança de US$ 2,6 bilhões devido a atrasos no programa 777X, US$ 400 milhões para o 767, e US$ 2 bilhões relacionados a projetos de defesa e espaço, incluindo novos jatos Air Force One, uma cápsula espacial para a NASA e um reabastecedor militar.

A Boeing, com sede em Arlington, Virgínia, informou que possuía US$ 10,5 bilhões em caixa e títulos negociáveis até 30 de setembro.

A empresa planeja divulgar os resultados completos do terceiro trimestre em 23 de outubro. A paralisação tem afetado diretamente o fluxo de caixa, uma vez que a Boeing recebe pelo menos metade do valor dos aviões no momento da entrega às companhias aéreas.

A greve interrompeu a produção do 737 Max, modelo mais vendido da empresa, assim como dos 777s e 767s. No entanto, a fabricação do 787 continua em uma unidade sem representação sindical localizada na Carolina do Sul, que permanece operando normalmente.

Embraer (EMBR3) diz que Boeing vai pagar R$ 835 mi após arbitragem  

Embraer (EMBR3) comunicou nesta segunda-feira (16) que, após a conclusão de um processo de arbitragem entre as duas fabricantes de aeronaves, a Boeing desembolsará aproximadamente R$ 835 milhões (US$ 150 milhões) em favor da empresa, conforme informado em fato relevante.

O acerto representa o desfecho de um processo que começou após a Boeing ter desistido, em 2020, de adquirir a principal divisão da Embraer, a de jatos comerciais, em uma transação avaliada em US$ 4,2 bilhões.

Na ocasião, a Boeing alegou que a Embraer não havia cumprido determinadas condições para finalizar a transação, enquanto a empresa brasileira afirmou que a desistência da concorrente norte-americana ocorreu devido a questões financeiras mais amplas. Esse impasse deu início ao processo de arbitragem.

A Embraer não especificou o prazo para a realização do pagamento.

Em comunicado, a Boeing declarou estar “satisfeita” com a resolução do processo de arbitragem envolvendo a Embraer.

“De forma mais ampla, temos orgulho de nossos mais de 90 anos de parceria com o Brasil e esperamos continuar contribuindo para a indústria aeroespacial brasileira”, acrescentou.

“Nosso negócio está em uma posição difícil”, disse Ortberg aos funcionários. Ele afirmou que a situação “requer decisões difíceis e teremos que fazer mudanças estruturais para garantir que possamos permanecer competitivos e entregar para nossos clientes a longo prazo.”