Os preços do boi gordo têm se recuperado após atingirem uma mínima de R$ 215,00 por arroba em junho. Em 27 de novembro, o preço médio do boi gordo em São Paulo alcançou R$ 352,65 por arroba na cotação do Cepea/Esalq, o que representa valor nominal recorde e alta de 10,48% no último mês.
A recuperação começou em setembro, desencadeada por uma combinação entre a desaceleração da oferta de gado terminado e um impulso considerável da demanda, aponta relatório do Itaú BBA.
Nesse cenário, também marcado por volatilidade, o ETF (Exchange-traded fund) do boi, chamado de BBOI11, seria a melhor opção, recomenda o analista de mercado do boi Leandro Girotto.
O ETF ajuda a mitigar riscos, “já que a volatilidade está muito alta para (os mercados) futuros e de opções e no boi não há liquidez em contratos de longo prazo”, defende o especialista. “Para quem já conhece a dinâmica dos futuros, sem dúvida é a melhor opção, dada a sua alavancagem“, afirma.
Expectativas para o futuro
Girotto avalia que a demanda pela carne deve continuar alta nos próximos meses, tanto internamente quanto externamente, mas os preços devem se acomodar no médio prazo. “No varejo o consumidor ainda não deixou de lado a carne bovina, mesmo estando em preços próximos a R$ 22,00, com o pós-pandemia e guerra”, justificou.
Já a demanda externa deve continuar aquecida devido ao câmbio, com produtos brasileiros mais baratos que concorrentes do exterior, defende o especialista. Além disso, como os preços do frango e do suíno também estão crescendo, a escolha pela carne segue forte.
Por outro lado, Cesar de Castro Alves, gerente da Consultoria Agro do Itaú BBA, avalia que a demanda interna, para a qual é destinada 70% da produção do país, deve ficar mais moderada após o Natal, com a chegada do período do ano de pressão de gastos e os altos preços da carne bovina.
“Do lado externo, também pode ocorrer alguma moderação sazonal no início do ano em relação aos fortes embarques atuais, mas estruturalmente 2025 deve ser mais um bom ano para as exportações“, acrescenta Alves.
O boicote do Carrefour afeta o mercado do Boi?
Para Alves, o boicote do Carrefour à carne brasileira no mercado francês não deve impactar a oferta e demanda. “A França praticamente não importa carne bovina brasileira e mesmo a Europa hoje é pouco representativa”, justifica.
O maior risco, no entanto, é de que ataques de fundo protecionista ampliem a narrativa francesa associando a produção brasileira à falta de sustentabilidade e desrespeito ao meio ambiente, levando outros países a seguirem o mesmo caminho, destaca o gerente.
Girotto, por sua vez, acredita que o boicote pode afetar os preços no curto prazo. “Se não derrubar, vai ao menos segurar os preços”, afirma. Segundo ele, isso ocorre porque não deve haver uma transferência de demanda do Carrefour para outro supermercado, uma vez que o fluxo de venda de carne é linear.