O projeto de criação de uma Bolsa de Valores no Texas, para fazer frente à Bolsa de Nova York, não tem chance de gerar um grande efeito. Especialistas veem o negócio como uma boa saída para as empresas da região, mas sem muita força para descentralizar o mercado.
O fato do Texas ter políticas menos restritivas e impostos mais baixos chama atenção do mercado. Muitas empresas, algumas mundialmente conhecidas inclusive, como a Tesla (TSLA34), já transferiram suas sedes para o local.
Segundo o diretor executivo do negócio, James Lee, o projeto para criação da Bolsa no Texas já captou US$ 120 milhões em financiamento inicial, e tem o apoio de instituições renomadas no mercado como a Blackrock e a Citadel.
Todavia, Nova York está acostumada a entregar grandes prêmios aos seus investidores. Os aportes integram tanto a História da cidade que lhe rendeu o apelido de “Big Apple” – do tempo em que as corridas de cavalos tinham seu destaque.
Imaginar um desafio entre esses dois personagens – o cowboy e a grande maçã – entretanto, será um cenário guardado para o cinema de ficção.
No mundo real e no mercado financeiro, Alexandre Carvalho, Head de Produtos da InvestSmart, disse, em resposta ao BP Money, acreditar que esse novo negócio não terá muito impacto sobre os investidores.
“No entanto, a TXSE tem o potencial de melhorar a eficiência ao aumentar a competição por preços, bem como aumentar a liquidez e transparência”, disse ele.
A Bolsa de NY tem história e terreno consolidado, afinal, a Nyse foi estabelecida desde 1790. O desafio que a Texas Stock Exchange (TXSE), como será chamada a nova Bolsa, quer lançar, busca, na verdade, aliviar os custos às empresas que operam em NY.
Essa iniciativa já foi testada anteriormente, em outros locais além do Texas, sem muito sucesso.
“Nas últimas décadas, vários projetos semelhantes foram iniciados, alguns dos quais com apoio da Blackrock e Citadel. No entanto, todos esses projetos acabaram sendo adquiridos pelo NYSE e NASDAQ, sugerindo um padrão histórico de consolidação”, explicou Carvalho.
Bolsa do Texas pode ter fundamento, mas estrutura de NY o enfraquecerá
O desenvolvimento dos polos de tecnologia em Houston, maior cidade do estado, é uma das grandes vantagens do Texas, conforme análise de Lucas de Caumont, especialista em mercado de capitais e sócio da Matriz Capital. O setor tem sido um dos mais atraentes para os investidores.
O fato se comprova pela lista das empresas com maior valor de mercado do mundo, formada pela Apple (AAPL34), Microsoft (MSFT34), Nvidia (NVDO34) e Amazon (AMZO34), que constantemente trocam de posição.
Somado a isso, há também as demandas das companhias por custos menores com regulação e operação. Nesse sentido, a principal consequência positiva de uma nova Bolsa no Texas será, justamente, uma redução nesses gastos.
De acordo com o especialista, esse ponto pode aumentar a concorrência e a eficiência do mercado. No entanto, esse benefício também pode se perder facilmente.
“É possível que o movimento da nova bolsa perca engajamento, frente ao tamanho do mercado de NY, criando assim uma bolsa de baixa liquidez quando comparada às bolsas de NY e perdendo seu propósito de redução de custos com maior eficiência”, frisou Caumont.
Nesse contexto, Carvalho tem uma percepção semelhante, alertando que, para os investidores, essa redução de custos não será muito significativa.
“A diminuição de custos virá para as empresas que gostariam de se listar no TXSE. Da mesma forma que o Nasdaq teve que oferecer preços melhores para competir com a NYSE é provável que a nova bolsa no Texas fará o mesmo”, afirmou.