
As operações em uma fatia importante do mercado global de derivativos enfrentaram uma paralisação prolongada nesta sexta-feira (28), após um problema técnico comprometer sistemas do CME Group, maior operador de bolsas e contratos futuros do mundo.
A falha interrompeu negociações de câmbio e de futuros ligados a moedas, commodities, Treasuries e ações, congelando parâmetros de referência e forçando corretoras a suspender a oferta de diversos produtos.
A instabilidade surgiu ainda no início do pregão asiático e seguia sem solução por volta das 11h20 GMT (8h20 em Brasília), em um episódio considerado por participantes do mercado como um dos mais extensos já registrados na infraestrutura global de derivativos dos últimos anos.
No decorrer da manhã, a Chicago Mercantile Exchange conseguiu religar parte dos sistemas, restabelecendo plataformas selecionadas após cerca de nove horas de paralisação.
O EBS, ambiente de negociação usado no mercado de câmbio, voltou a funcionar ao meio-dia no horário de Londres, segundo aviso publicado pelo próprio CME Group.
Mesmo assim, os principais mercados futuros globais, que abrangem ações, juros e commodities, permaneciam indisponíveis. A instituição não deu previsão para o retorno completo das operações.
A dimensão do incidente supera a de uma interrupção semelhante registrada em 2019, evidenciando a dependência mundial da rede eletrônica Globex, núcleo tecnológico do CME.
Origem da pane: falha de resfriamento em data center
Segundo o CME Group, a instabilidade teve origem em um problema de refrigeração em instalações da empresa de data centers CyrusOne. Em comunicado, a companhia informou que trabalha para restabelecer os serviços em “curto prazo”.
A CyrusOne confirmou que o incidente ocorreu em seu data center CHI1, localizado na região de Chicago, e atingiu diretamente clientes corporativos, entre eles o CME.
“Nossas equipes de engenharia, juntamente com empreiteiras mecânicas especializadas, estão no local trabalhando para restabelecer a capacidade total de refrigeração”, afirmou um porta-voz.
“Reiniciamos com sucesso vários ‘chillers’ com capacidade limitada e implantamos equipamentos de refrigeração temporários para complementar nossos sistemas permanentes”, completou.
Impactos nos mercados
Com a falha, diversas plataformas do CME ficaram fora do ar. No último posicionamento divulgado às 11h00 GMT (8h em Brasília), apenas os sistemas Brokertec U.S. Actives e Brokertec EU, voltados a operações de renda fixa, permaneciam acessíveis. Os demais mercados continuavam inoperantes.
Corretoras europeias relataram impossibilidade de oferecer negociação em contratos específicos, ampliando o impacto sobre estratégias de hedge e liquidez em múltiplas classes de ativos.
A extensão da pane reacende debates sobre a dependência crescente dos mercados globais de infraestrutura privada de tecnologia e sobre os riscos operacionais associados ao ambiente de negociação eletrônica.