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Botafogo pede recuperação extrajudicial com Vale e Odebrecht entre credores

Clube social e SAF propuseram corte de 40% a 90% da dívida e pagamento em até 15 anos para solucionar ‘passivo histórico’

O Botafogo de Futebol e Regatas apresentou, nesta quinta-feira (21), um pedido de recuperação extrajudicial para resolver aproximadamente R$ 405 milhões em dívidas, conforme documento protocolado na Justiça do Rio de Janeiro. A ação, assinada tanto pelo clube social quanto pela Sociedade Anônima do Futebol (SAF), propôs uma redução de 40% a 90% no valor dos débitos, juntamente com um plano de pagamento em até 15 anos.

Entre os principais credores do Botafogo, estão a Vale (VALE3), a Telefônica Vivo (VIVT3), a Latam (controladora da TAM) e a Novonor (antiga Odebrecht). Além disso, a lista inclui o São Paulo Futebol Clube, a família Moreira Salles e até mesmo os Ministérios Públicos Federal e do Rio de Janeiro.

A proposta para reestruturar as dívidas quirografárias (sem garantia) foi protocolada na quarta-feira (20), na 1ª Vara Empresarial do Rio de Janeiro, e apresenta um montante de R$ 404.925.450,83 milhões em dívidas. O acordo para quitar as dívidas trabalhistas, que ultrapassam R$ 144 milhões, foi assinado há aproximadamente um mês.

Plano do clube

De acordo com informações apuradas pelo InfoMoney, o clube social e a SAF propõem pagar as dívidas com: desconto de 90% para quem quiser receber até 31 de março de 2024; deságio de 40% para quem optar por receber em 156 parcelas (durante 13 anos), com início dos pagamentos só daqui a 2 anos; ou R$ 20 mil.

Agora, cabe aos credores aprovar o plano em um prazo de até 90 dias. Conforme informado pelo Botafogo, empresas que representam 34,9% da dívida (R$ 141.480.260,88) já aceitaram os termos, incluindo a Novonor. A antiga Odebrecht, atualmente em Recuperação Judicial (RJ) e detentora da maior fatia da dívida do clube, possui um passivo de R$ 100 milhões, aproximadamente um quarto do total da dívida, devido a uma questão envolvendo o estádio Nilton Santos, o Engenhão.

Vale destacar que, para o plano ser aprovado, é fundamental a concordância dos credores que detenham mais da metade da dívida.

No site oficial do próprio Botafogo, foi informado que “deu mais um importante passo no processo de equalização de suas dívidas” e que o plano visa quitar um “passivo histórico”.

“A nova proposição já conta com uma adesão significativa do número total de credores e possibilitará ao clube solucionar processos complexos do passado que perduram por até 20 anos como, por exemplo, as dívidas expressivas com a empresa Odebrecht, com empresários de atletas de futebol e com ex-jogadores”, diz a nota publicada em seu site.

Outros credores do Botafogo

Entre os credores quirografários, há também uma dívida de R$ 37,3 milhões com a família Moreira Salles (R$ 18,6 milhões para João Moreira Salles e mais R$ 18,6 milhões para Walther Moreira Salles Junior), R$ 29 milhões com o grupo Dass (alfaiataria da Umbro, da Fila e da New Balance) e outros R$ 6,8 milhões com o São Paulo Futebol Clube.

O Botafogo também registra dívidas de R$ 1.247.696,84 com o Ministério Público do Rio de Janeiro (MP-RJ), de R$ 1.021.210,58 com o Ministério Público Federal (MPF), de R$ 5.066,23 com a Oi (OIBR3), que também está em Recuperação Judicial (RJ). Por fim, uma curiosa dívida de R$ 103,00 com o Uber.