Petróleo

BP anuncia revisão estratégica e promete “fazer melhor”

Descoberta no Brasil e expansão no Golfo do México marcam esforços por crescimento na produção

Freepik
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A petroleira britânica BP anunciou nesta terça-feira (5) uma ampla revisão de portfólio e custos, em meio a esforços para recuperar desempenho e pressionada por investidores por mudanças mais profundas.

“A BP pode e vai fazer melhor para seus investidores”, disse o CEO Murray Auchincloss ao apresentar os resultados do segundo trimestre, que superaram as expectativas.

Impulsionado por forte desempenho comercial e fluxo de caixa robusto, o lucro ajustado da companhia alcançou US$ 2,35 bilhões entre abril e junho, acima da projeção média de US$ 1,76 bilhão.

A dívida líquida caiu cerca de US$ 1 bilhão, para US$ 26 bilhões.

A estratégia da BP tem sido redesenhada desde fevereiro, após críticas à guinada mal-sucedida rumo às energias renováveis. A tentativa derrubou as ações da empresa e aumentou especulações sobre uma possível aquisição. Agora, o foco volta ao petróleo e gás, com corte de custos, venda de ativos e aumento da eficiência operacional.

A companhia promete desinvestir US$ 20 bilhões até 2027 e já anunciou ou concluiu ao menos US$ 3 bilhões em vendas neste ano.

No semestre, os custos estruturais caíram US$ 900 milhões, totalizando US$ 1,7 bilhão desde 2023.

Apesar dos avanços, o investidor ativista Elliott Investment Management considera o plano tímido e cobra medidas mais ambiciosas.

Nova liderança

O presidente do conselho, Helge Lund, deixará o cargo em outubro. No lugar dele assume Albert Manifold, atual CEO da CRH, onde multiplicou por quatro o valor das ações da empresa de materiais de construção.

Ele e Auchincloss já alinharam uma “revisão completa do portfólio de negócios” e uma nova rodada de análise de custos.

Foco no core business

A BP manteve o programa de recompra de ações em US$ 750 milhões e aumentou o dividendo trimestral em 4%.

O analista Kim Fustier, do HSBC, destacou a redução da dívida como ponto positivo, sobretudo por ter origem no fluxo de caixa operacional, e não em receitas de desinvestimentos.

A possível venda da unidade de lubrificantes Castrol segue no radar, apesar da redução nas expectativas de avaliação.

Auchincloss disse que há “forte interesse” na operação, mas analistas da RBC sugerem que a decisão pode ser adiada até a nova presidência revisar alocação de capital.

Produção e descobertas

A BP tem buscado mostrar crescimento com novos projetos. Nesta semana, anunciou sua maior descoberta de petróleo em 25 anos, em águas brasileiras, além de iniciar uma expansão no Golfo do México.

A produção aumentou no segundo trimestre, principalmente nos campos de xisto nos EUA, mas a empresa prevê leve queda na produção no terceiro trimestre e volume anual inferior ao de 2024.

A petroleira pretende investir cerca de US$ 10 bilhões por ano em combustíveis fósseis até 2027.

A BP foi a última das cinco grandes do setor a divulgar resultados. Shell, Exxon Mobil e Chevron superaram expectativas; a TotalEnergies ficou abaixo.

Já a Saudi Aramco também reportou queda no lucro nesta terça, pressionada pelos baixos preços do petróleo.

No segundo trimestre, o Brent recuou cerca de 9%, afetado pela guerra comercial dos EUA, decisões da OPEP+ e tensões no Oriente Médio.

O barril está perto de US$ 70 — patamar usado pela BP como referência para suas metas financeiras.

Nos últimos dois anos, as ações da BP acumulam queda de 14%, apesar da recente recuperação com a alta do petróleo.