O Bradesco (BBDC4) revelou nesta quinta-feira (09) seu balanço do quarto trimestre de 2022. O banco registrou lucro recorrente de R$ 1,595 bilhão entre outubro e dezembro, queda de 75,9% na comparação anual. O resultado veio abaixo do consenso Refinitiv, que esperava um lucro de R$ 4,404 bilhões.
O lucro líquido contábil foi de R$ 1,437 bilhão no último trimestre de 2022, recuo de 54,7% em relação ao mesmo período de 2021. Já a margem financeira total atingiu R$ 16,677 bilhões entre outubro e dezembro, queda de 1,7% na comparação ano a ano.
O retorno sobre patrimônio líquido (ROAE, na sigla em inglês), que mede como um banco remunera o capital de seus acionistas, foi a 13,1%.
A carteira de crédito expandida, por sua vez, somou R$ 891,9 bilhões no quarto trimestre de 2022, avanço de 9,8% em relação ao mesmo trimestre de 2021.
A Provisão de Devedores Duvidosos (PDD) expandida do Bradesco somou R$ 14,881 bilhões no quarto trimestre, ante R$ 4,823 bilhões registrados no mesmo trimestre de 2021.
“Houve aumento rápido e relevante da inflação, com aumento das taxas de juros maior que o inicialmente antecipado, impactos no ciclo de crédito e um ambiente global de grande instabilidade política e econômica”, escreveu o Bradesco em mensagem que acompanhou o resultado.
Sem citar diretamente o nome de Americanas (AMER3), o Bradesco diz que fez 100% de provisionamento relacionado a um caso de “um cliente Large Corporate específico”, ocorrido no início de 2023, no valor de R$ 4,9 bilhões.
Nesta quinta-feira, as ações do Bradesco recuaram 2,54%, cotadas a R$ 13,80.
Advogados do Bradesco (BBDC4) acusam Americanas de fraude
No final de janeiro, o Bradesco (BBDC4) afirmou que a Americanas (AMER3) foi palco de uma das “maiores fraudes contábeis da iniciativa privada”. Na Justiça, os advogados do banco questionam a versão apresentada por Sergio Rial sobre a descoberta do rombo de R$ 20 bilhões na empresa.
Em 26 de janeiro, o Tribunal de Justiça de São Paulo aceitou um pedido do banco e determinou a busca e a apreensão de e-mails de executivos e funcionários da varejista. Um dia depois, a Americanas recorreu da decisão, algo que não agradou os advogados da instituição financeira.
“Segundo tudo leva a crer, quem criou essas inconsistências – que se transmutaram em dividendos e bonificações -, foram os próprios executivos da Americanas, com a complacência ou até a determinação dos acionistas controladores [Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Carlos Alberto Sicupira]”, escreveu o banco.
Nos autos do processo, a Americanas alega que o Bradesco não tem poder para solicitar as provas que pediu e questiona o fato do caso ser protocolado em São Paulo, sendo que o processo de recuperação judicial da varejista corre no Rio de Janeiro.