Bradesco (BBDC4) tem preço revisto por Inter; confira

Corretora reduziu preço-alvo para R$ 21 após 3T22 pessimista

A corretora do banco Inter, o Inter Invest, atualizou o preço-alvo do Bradesco (BBDC4) para R$ 21 nesta terça-feira (10). Anteriormente, a cotação do papel era estimada em R$ 25, uma queda de 16%. A revisão ocorreu devido aos resultados pessimistas do 3T22 em relação à qualidade de crédito e tesouraria ainda negativa, com previsão de melhora só ao final de 2023.

Esses resultados fracos, segundo a corretora, se diferenciam do seu par privado, o Itaú Unibanco (ITUB4), que apresentou uma melhor qualidade de crédito e resultados sólidos. De acordo com o Inter Invest, enquanto o Bradesco negocia a 0,9 vezes seu valor patrimonial esperado para 2023 e seis vezes lucros esperados para 2023, o Itaú Unibanco negocia a oito vezes lucros esperados para 2023.

“Apesar do atual desconto que o mercado vem dando às ações do banco, […] não enxergamos como uma boa oportunidade de compra, haja vista que a situação de recuperação na solidez do balanço e resultados no curto prazo ainda não é clara e que esperamos uma melhora gradual na rentabilidade após o final do ano”, afirmou a corretora, que recomenda as ações do Itaú como uma melhor opção.

Inadimplência em alta no Bradesco

O Inter Invest analisa que ainda há uma inadimplência em ascensão em um cenário de pressão na qualidade de crédito na pessoa física. A previsão, segundo a corretora, é que o Bradesco continue perfomando mal nos próximos resultados.

“Os últimos resultados do Bradesco mostraram que a qualidade de crédito tem sido um desafio para além do cenário macroeconômico de maior endividamento das famílias e que vem surpreendendo em níveis acima da média de 2019 no segmento de pessoas físicas em linhas sem garantia”, afirmou.

Para o Inter, o problema que o Bradesco enfrenta é o perfil dos clientes, que possuem menor renda se comparado a players como o Itaú, além da maior exposição que os pares têm no segmento de pequenas e médias empresas. Com isso, de acordo com a corretora, o Bradesco acaba sentindo mais os efeitos da inadimplência, o que gera maior custo de risco relacionado às despesas com Provisão para Devedores Duvidosos (PDD).

Além disso, os resultados com tesouraria do banco, sensíveis negativamente ao aumento da taxa de juros, mostraram-se pior do que o esperado, o que traz uma dúvida sobre a gestão de gerenciamento do ciclo de vida de aplicações (ALM) do banco. O Itaú, por sua vez, performou um resultado baixo, mas dentro das estimativas do mercado.

Menor ROAE nos últimos dez anos

Na análise, outro resultado negativo foi o retorno sobre patrimônio médio (ROAE) no 3T22. O indicador foi de 13,5%, o menor nível dos últimos dez anos que antecedem o período de pandemia. Contudo, a previsão é que haja uma melhora gradual.

Segundo o Inter Invest, o maior custo do risco, somado os maiores desafios na inadimplência, ao fraco desempenho com tesouraria e um cenário macroeconômico ainda desafiador, foram ajustadas as expectativas de lucratividade para o Bradesco. A expectativa é que o banco reporte um lucro líquido de R$ 27.780 milhões em 2023 com ROAE de 16,4%, melhorando para 16,7% em 2024.