Na avaliação sobre o setor de frigoríficos do Bradesco BBI, os spreads (diferença de preço entre o custo e o valor recebido pelo produtor) de aves podem ter atingido o pico no 3TRI24 (3º trimestre de 2024), ao passo que tiveram estabilidade no Brasil, mas começaram a desacelerar nos EUA.
Contudo, os analistas do banco indicam que o cenário segue positivo para os frigoríficos. Uma desaceleração mais forte no futuro próximo pode ser evitada pelas restrições de oferta, com spreads permanecendo fortes em relação aos níveis históricos.
“Spreads muito fortes nos últimos meses continuam apontando para uma temporada de resultados muito forte no 3T24 para os players de aves, e a oferta que ainda parece estar limitada por restrições genéticas pode significar que as margens permanecerão sólidas nos próximos trimestres”, avalia o BBI, segundo o “InfoMoney”.
Em paralelo a isso, os preços mais altos do boi no Brasil levaram a uma contração dos spreads da carne bovina, compensando as melhorias que estavam sustentadas desde a recente depreciação do real.
Enquanto isso, nos EUA, os spreads de carne bovina permaneceram estáveis, em níveis baixos. Voltando ao quadro brasileiro, em setembro, os spreads de carne suína não melhoraram, mas também permaneceram em níveis sólidos.
Já os spreads domésticos de carne bovina caíram em meio aos preços mais altos do gado, contudo, o trimestre sólido também deve se sustentar com os números fortes durante o 3T24.
O Bradesco BBI segue com a JBS (JBSS3) como a sua principal escolha no setor de frigoríficos, com recomendação de compra e preço-alvo de R$ 46.
A expectativa do banco é que as margens ainda altas de aves e suínos levem a um bom impulso de lucros no 3T24. Junto a isso, uma redução mais gradual nos spreads de aves pode levar a revisões positivas de lucros em 2025.
Brasil terá dilema com mercado no próximo Copom, diz Bradesco BBI
O Brasil está diante de um dilema significativo para atrair investimentos em setembro, de acordo com o Bradesco BBI. Isso ocorre em meio à expectativa do início iminente de um ciclo de redução de juros pelo Federal Reserve (Fed), previsto para a reunião do próximo dia 18, conforme indicado pelos dados recentes do relatório de emprego (payroll).
Ao mesmo tempo, o Copom (Comitê de Política Monetária) brasileiro opera em um cenário macroeconômico que favorece o aumento das taxas de juros.
“Ou o país aumenta as taxas e se torna um outlier (fora da curva) global ou não aumenta e agrava a crise de confiança”, avalia o banco.
Um início “impactante” no ciclo de cortes de taxas pelo Fed pode impulsionar uma possível rotação dupla favorável nos mercados internacionais.
No entanto, os estrategistas do banco destacam que o Brasil pode observar outros mercados emergentes aproveitando os benefícios, enquanto o país é pressionado a aumentar suas taxas de juros. Isso ocorre enquanto investidores estrangeiros redirecionam seus recursos para outras nações.