Mercado

Bradesco BBI reduz preços-alvos MRV (MRVE3) e Tenda (TEND3)

O banco reduziu projeção de lucro por ação das duas empresas em torno de 50%, na média

O Bradesco BBI cortou o preço-alvo da MRV (MRVE3) e Tenda (TEND3). O banco reduziu a MRV de R$ 17 para R$ 15, com potencial de alta de 92,8% sobre o fechamento de quinta-feira (18), e o da Tenda de R$ 21 para R$ 18, potencial de alta de 88,5%, reiterando recomendação de compra para as duas empresas.

Os analistas Bruno Mendonça, Pedro Lobato e Herman Lee escrevem que as duas construtoras ainda devem sentir efeitos de despesas financeiras e pagamentos relacionados às carteiras de recebíveis vendidas nos últimos anos.

“Acreditamos que a amortização vai drenar caixa nos próximos anos, o que deve levar as companhias a continuar a vender recebíveis para evitar queima de caixa até suas operações se recuperarem em 2026”, comentam.

O banco reduziu projeção de lucro por ação das duas empresas em torno de 50%, na média, neste ano, por conta desses efeitos, e 22% em 2025, mas acreditam que isso já está incorporado na performance recente das ações.

Operacionalmente, as duas empresas têm tendências positivas. A MRV dá sinais de que suas margens podem voltar a níveis pré-pandemia nos próximos dois a três anos, enquanto Tenda tem efeitos do programa Pode Entrar e do regime especial de tributação.

No setor, a preferência do Bradesco BBI ainda é mantida em Direcional (DIRR3) no setor de construção de baixa renda, com múltiplos descontados e um risco-retorno mais em conta. Tenda vem na sequência, seguido por MRV, Plano&Plano (PLPL3) e Cury (CURY3).

FIIs e setor imobiliário são boas apostas em 2024, dizem analistas

Algumas das grandes apostas de especialistas em finanças e mercado financeiro para 2024 apontam para os FIIs (fundos de investimento imobiliários) e para o setor imobiliário como um todo.

O último ano já foi bom para os FIIs. O Ifix – índice dos fundos imobiliários mais negociados da Bolsa – encerrou 2023 com ganhos de 15,49% – o maior desde 2019, quando o indicador registrou elevação de quase 36%.

Para especialistas ouvidos pelo BP Money, com o cenário macroeconômico favorável, a tendência de melhora vai se acentuar ainda mais nos próximos meses.

“Assim como as ações, as cotações dos fundos imobiliários foram impactadas negativamente pelo ciclo de aumento nas taxas de juros. Muitos FIIs também tiveram que lidar com casos de inadimplência. Em 2023, o cenário macroeconômico foi melhorando gradualmente, o que acabou sendo refletido tanto no preço das ações quanto dos fundos imobiliários”, contextualiza o especialista em finanças e investimentos Hulisses Dias.

“Atualmente, com a Selic em 11,75% e podendo chegar a 9% ao ano, a renda fixa tradicional não entrega mais o “1% ao mês sem risco”, fazendo com que os investidores voltem a alocar um percentual maior da carteira em ativos de risco, como os fundos imobiliários, em busca do aluguel mensal e também da valorização da cota”, acrescentou Dias.

O especialista em investimentos imobiliários e diretor de operações da Neoin, Jonata Tribioli, a redução da Selic para a casa de um dígito será determinante para o crescimento dos investimentos.

“Alguns fundos estão completamente ligados a esse momento do mercado da queda, não só da Selic, mas da volta do varejo como um todo, da volta dos shopping centers como um todo. As pessoas estão vendendo mais, estão movimentando mais, então acredito que vai ser um ano muito bom para o fundo imobiliário”, avaliou.

Tribioli indica quais tipos de fundos podem render mais neste ano. “O fundo de tijolo teve uma excelente trajetória em 2023 e a perspectiva para 2024 é tão boa quanto. Os fundos de shoppings e o FOFs, que são os fundos dos fundos, também foram muito bem no ano de 2023 a partir do segundo trimestre e as perspectivas, justamente pela queda dos juros e da volta do dinheiro circulando, serão também beneficiados como já foi em 2023, e vão continuar em 2024. Também acho interessante ficar atento aos fundos de varejo”, opinou.

Setor imobiliário

Para o setor imobiliário, o otimismo é ainda mais pujante. Além da expectativa sobre a redução na taxa de juros, os programas de habitação do governo federal e de gestões estaduais reforçam a confiança no setor.

De acordo com dados do Abrainc-Fipe, de janeiro a outubro de 2023, foram comercializados 126.774 empreendimentos, 23,5% na comparação com o mesmo período do ano anterior. Desse total, 70,3% fazem parte do novo Minha Casa, Minha Vida.

O presidente da incorporadora Braemp, Sérgio Magalhães, acredita que o país tenha entrado em um ciclo virtuoso e projeta que o País vai experimentar um crescimento consistente nos próximos anos.

“Eu tenho várias décadas no setor da construção civil, e tudo o que eu vi é que a demanda nunca acaba, ela fica represada, mas não termina. Depois de um período de 4, 5 anos com a demanda represada e com a queda dos juros, a demanda vai ficar mais forte. Além disso, existe uma migração das cidades grandes muito caras para as cidades pequenas com natureza, com qualidade de vida, com hospitais, com escolas de qualidade. Então, há uma imigração ao contrário do que foi há décadas atrás”, inicia Magalhães.

“Acredito que teremos um período de um ciclo de crescimento da construção e de demanda por imóvel da ordem de 3 a 4 anos. Além de existir guerra em várias partes do mundo, e a América Latina ser um dos poucos lugares mais isolados e que tem população para consumo, como o Brasil. Então o mundo vai investir muito no Brasil, a inflação mundial está caindo, a inflação no Brasil está caindo, a Selic está caindo e a demanda está reprimida. Portanto é uma combinação de fatores favoráveis, que raramente você vê. Meu ponto de vista é esse, que teremos agora um ciclo de 3 a 4 anos bem virtuoso”.

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