Apesar de bem-vindo, o Desenrola não deve ter um grande impacto no balanço do Bradesco (BDSC4). “Não vai mexer o ponteiro, porque os valores das dívidas são muito baixos”, disse o CEO do banco Octavio de Lazari Jr., durante apresentação dos resultados do segundo trimestre.
O executivo ressalta que o programa do governo é positivo, ajuda os clientes, e disse que o Bradesco já fez 85 mil renegociações e desnegativou 580 mil CPFs.
Questionado sobre as lições que o banco aprendeu com o ciclo anterior de afrouxamento monetário, para não repetir os mesmos erros agora que uma nova fase de queda da Selic se inicia, Lazari afirmou que o cenário é diferente, com projeções mais animadoras para a economia, e que na ocasião anterior os desdobramentos da pandemia afetaram a capacidade de pagamentos dos clientes.
“Também tivemos melhoria em ferramentas, modelos de crédito, até uso de inteligência artificial generativa, tudo isso contribui para um melhor processo de avaliação e concessão. Mas temos que observar o cenário”.
O CEO do Bradesco afirmou ainda que as discussões sobre mudanças que levem à queda nos juros do rotativo do cartão de crédito ainda estão em andamento e que a expectativa é trazer uma solução em 90 dias, como apontado pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad.
Ele frisou que o debate não é simples e que a implementação de mudanças deve ser feita de forma faseada, em 2023 e, principalmente, ao longo de 2024. Lazari disse acreditar que os diversos atores conseguirão chegar a uma solução não ótima, mas boa.
Com informações do jornal “Valor Econômico”.
Bradesco tem queda de 35,8% no lucro no 2T23
O Bradesco (BBDC4) divulgou nesta quinta-feira (3) seu balanço do segundo trimestre de 2023. O banco reportou lucro recorrente de R$ 4,5 bilhões, queda de 35,8% na comparação com o mesmo período de 2022. O consenso Refinitiv previa um lucro líquido de R$ 3,596 bilhões no período.
O retorno sobre patrimônio (ROAE, na sigla em inglês) do Bradesco foi de 11,1% entre abril e junho deste ano. Houve uma melhora de 0,5 ponto percentual em relação ao trimestre anterior, mas o indicador segue distante dos 18,1% registrados um ano antes.
A margem financeira do banco somou R$ 16,6 bilhões, um avanço anual de 1,2%. Já a margem com clientes do Bradesco recuou 1,8% de um trimestre para o outro, totalizando R$ 16,65 bilhões.
A margem com o mercado, por sua vez, ficou negativa em R$ 96 milhões, apresentando uma melhora em relação ao saldo negativo de R$ 312 milhões do primeiro trimestre.
Segundo o Bradesco, a receita com prestação de serviços somou R$ 8,8 bilhões no segundo trimestre deste ano, queda de 2,5% em relação ao mesmo trimestre de 2022.
A inadimplência para empréstimos com mais de 90 dias de atraso ficou em 5,9%, ante 5,1% registrada nos primeiros três meses do ano. Já o índice de atrasos de 15 a 90 dias passou de 4,6% para 4,4%.
As provisões do banco para empréstimos inadimplentes (PDD) totalizaram R$ 10,32 bilhões, crescimento anual de 94,2%. De acordo com o banco, as maiores despesas com PDD continuaram pressionadas pelas condições do cenário de endividamento, em especial das micro e pequenas empresas.
A carteira de crédito do Bradesco terminou o segundo trimestre em R$ 868,69 bilhões, um crescimento de 1,6% na comparação com o mesmo período do ano passado.
Além disso, o Bradesco também informou que irá distribuir R$ 2,9 bilhões em juros sobre capital próprio (JCP).