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Bradesco (BBDC4): CEO diz que 2024 será um ano de transição

“O ano de 2023 foi desafiador, não foi o resultado que queríamos entregar', disse CEO

O novo CEO do Bradesco (BBDC4), Marcelo Noronha, que tomou posse em novembro do ano passado, afirmou que o ano de 2024 será de transição para o banco, após um 2023 abaixo das expectativas.

“O ano de 2023 foi desafiador, não foi o resultado que queríamos entregar. Mas a gente não vira a chave de um trimestre para o outro. Temos um norte muito forte com o nosso novo plano. Consideramos 2024 como um ano de transição”, disse o executivo nesta quarta-feira (7), durante apresentação do plano estratégico da empresa para os próximos cinco anos.

O lucro recorrente do banco no quarto trimestre de 2023 totalizou R$ 2,878 bilhões, abaixo da média das projeções dos analistas consultados pelo Valor, que era de R$ 4,657 bilhões. Os resultados do ano passado também ficaram aquém do guidance em diversos indicadores, mesmo após revisões após os dados do segundo trimestre.

Além disso, as expectativas para este ano não animaram os investidores do Bradesco. O guidance sugeriu perspectivas mais conservadoras para 2024, com previsão de lucro entre R$ 17 bilhões e R$ 18 bilhões, contrastando com a expectativa anterior do mercado, que oscilava entre R$ 20 bilhões e R$ 22 bilhões.

Os pares do banco também apresentavam baixa, embora de forma mais moderada: Itaú PN caía 0,78%, BB ON recuava 0,03% e Santander units perdia 0,47%.

No pregão anterior, a ação do Bradesco havia registrado uma das maiores altas do Ibovespa, subindo 6,21%, impulsionada por propostas relacionadas à Cielo e expectativas sobre o plano estratégico da companhia, anunciado após o balanço.

Para retomar a rentabilidade, o Bradesco está criando uma nova área de alta renda, chamada de afluente, que já tem 1,7 milhão de clientes, segundo Noronha, mas sem descuidar do varejo. Assim como o Itaú, o Bradesco pretende criar uma nova plataforma (superapp), mas deve manter as marcas de bancos digitais como Next e Digio, não só dentro dos aplicativos, mas também em outros canais.

Para tornar as decisões mais ágeis, o Bradesco está reduzindo sua estrutura de administração, com menos níveis hierárquicos. Depois da chegada de Noronha em substituição a Octavio de Lazari alguns diretores deixaram o banco.

— A gente acabou com alguns cargos de diretoria e encurtou camadas hierárquicas. Queremos criar sucessão, potencializar talentos, mas acabou a vinculação de cargo e função. Um diretor executivo pode responder a mim ou tocar uma unidade específica — explicou o CEO do banco.

O Bradesco também já começou a rever seus modelos de crédito, usando inclusive Inteligência Artificial generativa para a concessão de empréstimos. Serão contratadas entre 2 mil e 3 mil pessoas na área de tecnologia.

Lucro abaixo do esperado no 4T23

O Bradesco comunicou ao mercado, na manhã desta quarta-feira (7), os resultados reportados no quarto trimestre de 2023 (4T23). O banco apresentou um aumento significativo de 80,4% no lucro líquido recorrente em comparação com o mesmo período do ano anterior, passando de R$ 1,595 bilhão para R$ 2,878 bilhões. O quarto trimestre de 2022 (4T22) foi marcado por uma provisão para toda a exposição à Americanas (AMER3), que entrou em recuperação judicial em janeiro do mesmo ano.

Apesar do aumento no lucro, o resultado ficou consideravelmente abaixo da média da LSEG, que projetava um lucro de R$ 4,57 bilhões, representando uma queda de 37,7% em relação ao terceiro trimestre do ano anterior. No mesmo período, o lucro líquido contábil atingiu R$ 1,703 bilhão, representando um aumento de 18,5% em comparação com os R$ 1,437 bilhão registrados no ano anterior.

Em 2023, o lucro líquido recorrente totalizou R$ 16,3 bilhões, refletindo uma queda de 21,2% em relação ao ano de 2022. Esse declínio foi influenciado pelas despesas relacionadas à Provisão para Devedores Duvidosos (PDD) e pela redução da margem financeira com os clientes. Para mitigar os riscos, o banco reduziu o ritmo das concessões de crédito em linhas consideradas mais arriscadas, o que resultou em uma redução no crescimento das receitas.

Esses efeitos persistiram no quarto trimestre, no qual o banco também registrou R$ 1,175 bilhão em itens não recorrentes. Deste montante, R$ 570 milhões foram alocados para uma provisão destinada à reestruturação, principalmente na rede de agências. Este movimento representa o primeiro passo do plano estratégico que o novo presidente, Marcelo Noronha, pretende implementar no banco.