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Bradesco (BBDC4): o que esperar das recentes mudanças na diretoria?

Os desligamentos aconteceram pouco mais de uma semana depois do CEO

Nesta terça-feira (5), o Bradesco (BBDC4) anunciou mais mudança em sua diretoria. Os diretores-executivos Marlos de Souza Araújo, responsável por gestão de risco, e Klayton Tomaz dos Santos, de organização, produtos e serviços, estão de saída. De acordo com o “Valor”, ambos pediram demissão alegando motivos pessoais e novos desafios.

Os desligamentos aconteceram pouco mais de uma semana depois da substituição de Octavio de Lazari Jr. por Marcelo Noronha na função de CEO da companhia, e também da saída de Eurico Fabri, o vice-presidente executivo encarregado da divisão de atacado.

“A saída de alguns diretores do Bradesco, após a troca da presidência, pode indicar um movimento natural para gerar uma renovação na gestão do banco”, disse a estrategista de Renda Variável, Mônica Araújo.

“O Bradesco vem apresentando nível de retorno sobre o patrimônio líquido baixo (11,5% no 3T23) quando comparado com os seus pares. O nível elevado de provisões sobre a carteira de crédito e o baixo retorno de algumas unidades de negócio explicam essa performance fraca. O movimento de troca da alta gestão do banco pode estar relacionado com a aceleração da estratégia de recuperação de rentabilidade”, acrescentou a especialista.

O analista de investimento da Planner, Vitor Martins, avalia que as mudanças podem ser benéficas ao banco. “Ainda repercutindo a notícia da troca de comando no Banco Bradesco e de alguns diretores, em nossa opinião vimos como positivo e o mercado também recebeu da mesma maneira. Como resultado, observamos a valorização das ações do Bradesco, mas que ainda estão sendo negociadas a múltiplos abaixo dos seus principais pares. Na última semana, por exemplo, as ações do Bradesco subiram 5,2%, com alta de 0,7% para as ações do Itaú Unibanco e queda de 0,5% para as units do Santander”, destacou Planner.

Números

Vitor Martins lembra que 2023 tem sido um ano desafiador para a instituição financeira, mas que pode terminar de forma positiva.” O Bradesco teve um primeiro semestre desafiador em termos de resultado e retorno, com a administração sinalizando uma melhor rentabilidade para o segundo semestre que já vem acontecendo, em nossa opinião”, justifica.

“Dentre os principais objetivos da mudança no comando, o incremento da carteira de crédito, com redução da inadimplência, o aumento gradual do resultado e da rentabilidade e o maior retorno para os acionistas, que devem, então, acompanhar a divulgação dos próximos resultados trimestrais, observar os números, os indicadores e a entrega do guidance pelo banco. E como consequência, o desempenho das ações que virá em resposta ao desempenho apresentado”, pontuou.

Apesar do indicativo de melhora, Mônica Araújo alerta que os acionistas devem acompanhar a estratégia e o desempenho operacional e financeiro das empresas investidas para não terem dor de cabeça.

“No caso do Bradesco o acompanhamento deve ser ainda mais próximo dado que se espera uma estratégia para colocar a instituição de volta ao caminho da rentabilidade e principalmente ajustar os critérios de crescimento, para que a situação observada nos últimos ano não volte a ocorrer. Portanto, os acionistas devem acompanhar de perto as medidas da nova gestão e seu comprometimento em manter a representatividade da instituição no setor financeiro brasileiro”, finalizou a especialista.