Mercado

Bradesco (BBDC4) teve maior queda semanal no Ibovespa; saiba motivo

As ações da instituição bancária despencaram 12,14% no período

O Bradesco (BBDC4) foi o destaque negativo da semana no Ibovespa. As ações da instituição bancária despencaram 12,14% no período e fecharam a sessão desta sexta-feira (9), com queda de 0,74%.

Segundo levantamento da consultoria Elos Ayta, o banco já perdeu R$ 28 bilhões em valor de mercado nesta semana. Atualmente, o valor de mercado do Bradesco é R$ 137,59 bilhões. Se continuar em trajetória de queda, pode recuar ao menor valor de mercado registrado desde a pandemia, de R$ 126,68 bilhões em 23 de março de 2023.

A queda brusca veio após a divulgação do do resultado do quarto trimestre de 2023. O banco apresentou um aumento significativo de 80,4% no lucro líquido recorrente em comparação com o mesmo período do ano anterior, passando de R$ 1,595 bilhão para R$ 2,878 bilhões. O quarto trimestre de 2022 (4T22) foi marcado por uma provisão para toda a exposição à Americanas (AMER3), que entrou em recuperação judicial em janeiro do mesmo ano.

Apesar do aumento no lucro, o resultado ficou consideravelmente abaixo da média da LSEG, que projetava um lucro de R$ 4,57 bilhões, representando uma queda de 37,7% em relação ao terceiro trimestre do ano anterior. No mesmo período, o lucro líquido contábil atingiu R$ 1,703 bilhão, representando um aumento de 18,5% em comparação com os R$ 1,437 bilhão registrados no ano anterior.
“O lucro líquido recorrente do Bradesco foi de R$ 16,297 bilhões, uma queda anual de 21,2%. O impacto se deve a vários fatores mas um dos que chama a atenção foi que o banco praticamente parou as operações de crédito o que representou uma queda de 1,6% em relação a 2022, encerrando 2023 com uma carteira de R$ 877 bilhões”, destacou o sócio-fundador da Santis, Felipe Argemi.

Projeções

As ações não despencaram somente por causa do resultado. “As projeções também para 2024 não agradaram os analistas assim como o plano estratégico para os próximos 5 anos, que também deixou a desejar e são inferiores ao guidance”, analisa o especialista em mercado de capitais e sócio da GT Capital, Dierson Richetti.

Richetti destaca que em seu plano estratégico, o banco prometeu investimento em tecnologia. “Hoje dificilmente as pessoas vão em agências físicas, então quanto mais as pessoas tiverem usabilidade no aplicativo, pelo celular ou no próprio home broker ou profissionais que façam atendimento online, isso diminui o custo fixo da empresa e digamos que melhora o atendimento dos clientes. O investimento no público de alta renda também é importante, já que são pessoas que fazem mais negócios, precisam de uma estrutura de um banco com robustez”, disse.

No seu planejamento,o Bradesco busca aumentar sua participação de mercado no crédito expandido de cerca de 14% para 15% a 19%, o que é bem visto pelo especialista. “Estamos em um ciclo de baixa de juros e isso acaba se refletindo na estrutura de crédito do banco. Uma das principais queixas dos acionistas do Bradesco é a alta inadimplência. Então uma maior análise de crédito é importante para o banco. Com a taxa mais baixa de juros, isso acaba favorecendo o banco também a fornecer mais crédito, mesmo que tenha critérios mais elevados”.

Por fim, Richetti lembra dos esforços que o banco tem feito para se reestruturar e recuperar a confiança dos investidores após sucessivos resultados negativos.

“Um novo presidente no Bradesco, que assumiu recentemente e ainda está fazendo uma reestruturação do banco, trocando alguns diretores. É um processo de médio a longo prazo, isso não se reflete de agora de forma imediata. Acredito que o Bradesco de certa forma perdeu um pouco da credibilidade frente aos investidores por apresentar resultados ano após ano abaixo do esperado. Então, primeiro o mercado vai esperar que a gestão do banco mostre bons resultados para, digamos assim, o banco voltar com a sua credibilidade no sentido de pessoas quererem investir no banco. No curtíssimo prazo eu não vejo o banco tendo um upside muito grande, mesmo até com o fechamento da OPA da Cielo. Na minha visão, o banco precisa apresentar resultados mais consistentes para recuperar a confiança dos investidores”, pontuou.