O governo brasileiro não considera mais a hipótese de anunciar o acordo de livre comércio entre o Mercosul e a União Europeia durante a cúpula do bloco sul-americano agendada para a próxima quinta-feira (7). Consequentemente, está descartada a perspectiva de um anúncio dentro do prazo restante da presidência do Brasil, que se encerra na mesma data.
Atualmente, a estratégia é aguardar a posse do novo governo argentino, prevista para o próximo domingo (10). Fontes no Itamaraty relatam que Diana Mondino, futura chanceler do país vizinho, manifestou em interações recentes com o Brasil o desejo de assinar o acordo.“Esse é o elemento concreto até agora”, disse ao Valor Econômico uma pessoa a par das negociações.
A expectativa otimista de um anúncio durante a cúpula do Mercosul foi amenizada após declarações contundentes do presidente francês, Emmanuel Macron, contrárias ao acordo.
Lula sobre acordo Mercosul-União Europeia: “Paciência, se não for assinado”
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou neste domingo (3) que, em caso de não concretização do acordo de livre comércio entre o Mercosul e a União Europeia, “paciência”, ressaltando que não se pode atribuir tal resultado ao Brasil e à América do Sul.
“Se não tiver acordo, paciência. Não foi por falta de vontade. A única coisa que tem que ficar claro é que não digam mais que é por conta do Brasil e que não digam mais que é por conta da América do Sul. Assumam a responsabilidade de que os países ricos não querem fazer um acordo na perspectiva de fazer qualquer concessão. É sempre ganhar mais”, afirmou o Lula em entrevista coletiva em Dubai, onde participou da cúpula do clima COP28.
Lula enfatizou que os países sul-americanos não estão mais sob colonização, mas são independentes, buscando, portanto, um “certo equilíbrio”.