José Berenguer, presidente do Banco XP (XPBR31), afirmou ao jornal “Valor Econômico” que o governo Lula (PT) terá uma gestão diferente de Jair Bolsonaro, porém responsável. “O país não vai quebrar. Não existe isso. Esquece”, afirmou.
De acordo com Berenguer, a aprovação da PEC da Transição, apresentada na última quarta (16) ao Congresso, deverá aliviar a tensão do mercado financeiro.
“É necessário ter uma política para diminuir a pobreza e a miséria. Isso precisa ser endereçado. Eu deixaria de lado a emoção na discussão e focaria no fato. Como é que se implementa e quais as escolhas que precisam ser feitas para isso”, explicou.
Por ter sido presidente por oito anos, o executivo da XP acredita que Lula sabe que não dá para gastar sem ter fonte de recursos e chegará a um acordo com o Congresso para definir o Orçamento de 2023.
“Ninguém gasta ilimitadamente. Fazendo aqui um paralelo. Se meu time joga mal e perde, não posso desligar o placar para não saber qual é o resultado do jogo”, disse Berenguer.
“O que quero dizer é que o país não vai parar. Não tenho nenhum tipo de receio em relação aos próximos anos. A gente vai ter de fazer escolhas para acomodar esses gastos”, afirmou o presidente do banco XP.
PEC da Transição pode levar a déficit de 2,6% em 2023, diz XP
A PEC da Transição,apresentada pela equipe do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT), corresponde a um crescimento da despesa em mais de R$ 200 bilhões. De acordo com a XP Investimentos (XPBR31), caso o projeto seja aprovado, a dívida brasileira pode subir até 17 pontos percentuais em 2026. Além disso, a casa estipula que o déficit público deve crescer a 2,6% do PIB de 2023.
Segundo a corretora, se o Banco Central brasileiro mantiver as taxas de juros inalteradas, o impacto da PEC da Transição será ainda maior. A elevação dos gastos públicos deve afetar a inflação, fazendo com que o BC acabe sendo obrigado a manter as taxas de juros inalteradas nos próximos anos, gerando uma trajetória ainda mais inclinada para o crescimento da dívida pública.
Para a XP, a criação de uma nova âncora fiscal é fundamental para bancar a PEC das Transição. A casa enxerga que é preciso existir uma regra que permita a sustentabilidade fiscal do País. Sem isso, a instituição financeira avalia que as condições financeiras tendem a se deteriorar no futuro próximo, com elevação do custo da dívida pública, dos juros e depreciação do real.