Em um cenário de vitória do republicano Donald Trump nas eleições norte-americanas, a XP espera que o dólar se fortaleça globalmente, incluindo no Brasil, com impacto inflacionário nos EUA e pressão sobre o câmbio e os juros no país.
Por outro lado, um eventual governo da democrata Kamala Harris, com aperto regulatório e política fiscal expansionista, poderia enfraquecer a divisa norte-americana, gerando “potencial de fluxos saindo dos EUA e migrando para ações globais e mercados emergentes”, segundo analistas da XP, conforme reportado pelo “Valor”.
Com Trump, a XP acredita que o Brasil pode se beneficiar de uma possível elevação na demanda por commodities em meio a tensões entre EUA e China. No entanto, uma tarifa global de 10% sobre importações poderia impactar negativamente as exportações de petróleo bruto, café e aço semiacabado do Brasil para os EUA. Em contraste, uma tarifa de 60% sobre importações chinesas teria impacto limitado para produtores de aço e mineradores brasileiros.
A XP também prevê maior volatilidade com Trump, devido a novas tarifas e sanções, além de uma possível queda no preço do petróleo. Esse cenário, segundo a casa, traria um dólar mais forte e uma inflação mais elevada nos EUA.
“O dólar forte contribuiria para uma deterioração da taxa de câmbio, gerando pressões inflacionárias domésticas e elevando as taxas locais”, afirmaram os analistas.
CEO do Banco XP: Brasil tem vantagens, mas se auto-atrapalha
O CEO do Banco XP, José Berenguer, disse que o Brasil tem potencial para atrair grande investimento estrangeiro, mas se “auto-atrapalha”. Este e outros comentários foram feitos durante o painel “Cenários de investimentos no Brasil: a visão de líderes financeiros” do 7° Fórum Brasil de Investimentos, promovido pela ApexBrasil.
“É só não atrapalhar“, afirmou. Segundo o CEO, o Brasil tem vantagens sobre outros países em desenvolvimento para receber investimentos estrangeiros. E isto ocorre não só pelas dimensões territoriais e populacionais do país.
No contexto da preocupação global com as mudanças climáticas, o país se destaca por sua matriz energética, grande potencial para sair ganhando na economia de carbono, além de estar longe de conflitos geopolíticos e ter uma agricultura forte, citou Berenguer.