Brasil está atrativo para investidor estrangeiro, dizem analistas

O acumulado do investidor estrangeiro no ano (e o do mês) até o dia 19 está positivo em R$ 7,820 bilhões

Após bater recorde na Bolsa de valores brasileira em 2022, o investimento estrangeiro deve seguir tendência de alta e a entrada desse capital siga aumentando em 2023, como explica Rodrigo Cohen, analista de investimentos e co-fundador da Escola de Investimentos.

“O investidor estrangeiro tem simpatia pelo presidente Lula. Ano passado batemos recorde de mais de R$ 100 bi na nossa bolsa. Nesse ano, já bateu R$ 7 bilhões já. E o motivo principal é esse. Se não acontecer uma catástrofe, devemos ver essa tendência continuar sim”, afirmou Cohen em entrevista ao BP Money.

No ano passado, a bolsa brasileira bateu recorde de recursos investidos por estrangeiros, no qual os não residentes aportaram R$ 100,8 bilhões no ano passado em ações no mercado secundário, maior valor desde 2016, quando a B3 passou a divulgar os dados.

Já em 2023, o apetite pelo risco no Brasil segue elevado. Os “gringos” ingressaram com mais de R$ 1 bilhão na B3 pelo terceiro dia consecutivo na semana passada, dando ritmo à bolsa brasileira. 

Dados da B3 mostram que os investidores estrangeiros injetaram R$ 1,772 bilhão líquido no segmento secundário (ações já listadas) em 19 de janeiro, sendo o maior aporte diário de capital externo na bolsa brasileira desde o início do ano. 

“Brasil está barato e é top pick entre os países emergentes. Muito desse dinheiro entrou na bolsa, que está com ótimas oportunidades. Além disso, o investidor quer ficar cada vez menos dependente da China e o Brasil é uma boa opção. Os juros altos no Brasil a 13,75% também atraem os investidores para entrar na renda fixa, um investimento muito seguro e de baixo risco”, explicou Cohen.

Com isso, o acumulado do investidor estrangeiro no acumulado do ano (e do mês) até o dia 19 está positivo em R$ 7,820 bilhões. 

Apesar do bom momento, o cenário ficou ameaçado por conta do pós-eleições em meio a manifestações e atos terroristas, tema já superado pelos investidores estrangeiros, como explicou Lenon Rissardi, especialista em investimentos e sócio da GT Capital.

“O apetite se dá muito pela expectativa do risco Brasil. Temos visto nos últimos dias uma tônica diferente do que o mercado tinha de receio, então tivemos um movimento pessimista pós-eleições, mas após isso acabou trazendo um pouco mais de visão para o mercado, principalmente sobre o controle do risco fiscal”, afirmou Rissardi.

Setor de commodities é destaque no investimento estrangeiro

Ainda de acordo com Rissardi, o grande destaque para o investidor estrangeiro é o setor de commodities impulsionado pela reabertura da China. 

“Quando o estrangeiro ele olha para o Brasil vê uma oportunidade, principalmente que vê empresas boas e pagadoras de dividendos, muitas vezes com seus custos de negociação x preço de lucro descontados, o que se torna mais atrativo fazer investimentos nessas empresas”, explicou o especialista. 

Além do cenário caótico pós-eleitoral, a “bomba” Americanas (AMER3) também afetou muitos setores do mercado, inclusive os fundos de renda fixa. Porém, Rissardi explica que haverá uma recuperação a curto prazo, o que não deve impactar nesses investimentos. 

“A queda precificou os títulos que estavam sendo negociados nos fundos, muitos deles tendem a se recuperar, pois não tinham posições muito agressivas. E a situação do capital estrangeiro se dá muito mais pelo risco de solução dessa questão. Onde a gente vê o mercado se movimentando por uma solução e por um movimento de retirada de recursos americanos, então traz mais confiança ao mercado”, avaliou o sócio da GT Capital.

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