As ações do Brasil estão enfrentando um desempenho mais fraco em comparação com os principais mercados emergentes neste ano.
Isso sugere que, além dos fatores que estão impactando as bolsas globalmente, os desafios internos também estão contribuindo significativamente para o mau desempenho do mercado de ações local.
De acordo com os índices de ações MSCI, que são utilizados para avaliar o desempenho das bolsas em diferentes países e regiões, o índice do Brasil registrou uma queda de 14,89% ao longo de 2024.
Em contraste, a média dos países emergentes apresentou um recuo de apenas 0,50%, enquanto a média global registrou um crescimento de 3,50%. Essa comparação é realizada em dólares, o que significa que a recente valorização do dólar em relação ao real brasileiro contribuiu para prejudicar o desempenho do índice doméstico.
Macroeconomia global
A macroeconomia global está gerando pressões sobre os mercados de renda variável em todo o mundo devido à expectativa de uma política monetária mais cautelosa nos EUA.
Isso pode ter um impacto mais significativo sobre o Brasil, uma vez que o capital estrangeiro estava fortemente posicionado no país antes da revisão das perspectivas econômicas americanas. Como resultado, a saída de recursos do Brasil tem sido mais intensa em comparação com outros lugares.
De acordo com o banco americano J.P. Morgan, os principais fatores que contribuíram para o desempenho abaixo da média da renda variável no Brasil este ano incluem a significativa queda nas ações da Vale, as taxas de juros ainda elevadas e a considerável desvalorização do real.
As ações ordinárias da Vale (VALE3), que representam 14,16% do Ibovespa e 10,99% do MSCI brasileiro, registraram uma queda de 15,65% este ano, influenciadas principalmente pela desvalorização global do minério de ferro.
Apesar de uma tentativa de recuperação nos últimos dias, a commodity enfrentou declínio ao longo da maior parte de 2024. A possível nomeação do ex-ministro da Fazenda Guido Mantega para liderar a companhia também é mencionada por gestores locais como um fator de volatilidade.
Vale (VALE3): bancos revisam preço-alvo e expectativas
Os bancos JP Morgan e BB Investimentos reavaliaram suas recomendações e expectativas para as ações ordinárias da Vale (VALE3). Ambas as instituições cortaram o preço-alvo para a mineradora.
O JP Morgan reduziu o preço-alvo para os papéis da Vale de R$ 102 para R$ 99, enquanto o BB Investimentos cortou de R$ 89 para R$ 80.
Rodolfo Angele e Tathiane Martins Candini, analistas que assinaram o relatório do banco norte-americano, em suas estimativas para a mineradora brasileira, integraram os números de produção e vendas do 1TRI24, junto a novas premissas macroeconômicas.