As ações da Braskem (BRKM5) foram rebaixadas para venda pelo BB Investimentos, que também cortou o preço-alvo de R$ 24 para R$ 16, tendo em vista que a piora do cenário já é desafiador para a companhia.
O banco acredita que as recentes quedas nos preços do petróleo, junto com a deterioração na perspectiva de demanda global causada pela guerra tarifária entre EUA e China, devem ser prejudiciais à Braskem.
No relatório do BB, o analista Daniel Cobucci pontuou que o tarifaço imposto por Donald Trump e a retaliação vinda da China deixou o cenário das empresas ligadas à commodity fortemente volátil, e as novidades negativas se estendem até a Braskem.
“A queda generalizada nas commodities reflete receios com a demanda e, no caso das resinas e produtos petroquímicos, agrava a condição de sobreoferta que já vem resultando em menores preços e baixo uso das capacidades instaladas, em especial para companhias que operam com base nafta, que tem custo maior do que o do etano ou propano“, ponderou.
Enquanto isso, Roberto Ramos, CEO da Braskem, disse que a percepção sobre o setor pode ser resumida pela frase: “não vemos uma recuperação desse ciclo nos próximos cinco anos, provavelmente veremos nos próximos dez”.
A avaliação do analista do BB também considerou que o setor do qual a Braskem faz parte toma decisões cuja implementação tem prazos consideráveis para entrar em operação. Além disso, a China pôs mais capacidade instalada do que as existentes na Europa, Japão e Coreia do Sul combinados, nos últimos cinco anos.
“Ao mesmo tempo, a demanda pós-pandemia não trouxe condições de reduzir estoques e nem retorno de margens operacionais que trouxessem retorno adequado aos investimentos”, disse o banco, segundo o “Money Times”.
Sendo assim, o movimento da Braskem para mitigar os impactos foi reconhecido pelo BB Investimento, a partir do momento que a empresa decidiu diversificar a matéria-prima, inserindo maior percentual de etano ou propano, mas com investimentos marginais.
No entanto, o relatório ainda destacou serem medidas insuficiente para retomar margens que tornem o fluxo de caixa operacional positivo da Braskem no curto prazo.
Braskem (BRMK5) tem nota rebaixada pela Moody’s
A agência de crédito internacional Moody’s rebaixou de Ba2 para Ba3 dois seguimentos empresariais da Braskem (BRMK5). A queda ocorres baseada na geração baixa de caixa na companhia e tímidos índices de créditos.
O rebaixamento foi justificado pelo desempenho abaixo do esperado da empresa no México, alinhado a baixa performance na indústria petroquímica ao final de 2024. A alavancagem da Braskem no final do ano passado, incluindo sua filial no México atingiu maior nível da série histórica, de 15,3x.
O fluxo de caixa livre da companhia ficou negativo em R$5,6 bilhões, refletindo o fraco nível das operações e desembolsos relativos a recursos em atividades no estado do Alagoas.
A Moody’s espera que a alavancagem ajustada da Braskem diminua para cerca de 6,5-7,5x nos próximos 12-18 meses, à medida que o EBITDA da empresa melhore junto com os spreads (diferença no valor de compra e de venda) de produtos petroquímicos.
A iniciativa de redução de caixa da Braskem deve levar a um fluxo de caixa livre neutro em 2025, apesar das despesas na região nordeste.