A agência de classificação de risco Fitch alterou a nota do rating de longo prazo em moeda estrangeira da Braskem (BRKM5) de estável para negativa (BBB-), enquanto a perspectiva do rating nacional permanece estável com boa avaliação (AAA). O comunicado informando a decisão foi publicado na tarde desta quarta-feira (23).
Entre os fatores que fizeram a agência rebaixar a classificação da Braskem, está o desastre ambiental que fez afundar o solo em vários bairros de Maceió (AL). A petrolífera e a prefeitura da capital alagoana entraram em acordo e a empresa terá que ressarcir a cidade em R$ 1,7 bilhão.
“A Perspectiva Negativa incorpora a elevada vulnerabilidade da Braskem SA à recessão prolongada no setor petroquímico, o que poderia resultar em um aumento material na dívida líquida devido ao FCF negativo após desembolsos relacionados ao evento geológico em Alagoas”, diz avaliação da Fitch.
A agência de risco também destacou a possível compra de parte da empresa. A Braskem é controlada pelo Grupo Novonor (antiga Odebrecht), que detém 38,3% do capital total e 50,1% do capital votante, e pela Petrobras, com 36,1% do capital total e 47,0% do capital votante. A Novonor busca vender sua participação e depende do aval da Petrobras para concretizar qualquer transação.
“Uma mudança de controle poderia afetar o rating da Braskem dependendo do perfil de crédito do adquirente, da força do vínculo com a Braskem e da provável política financeira após uma aquisição”.
Braskem tem prejuízo de R$ 771 milhões no 2T23
A Braskem (BRKM5) reportou um prejuízo líquido de R$ 771 milhões no 2º trimestre de 2023. Apesar das perdas, segundo o balanço divulgado nesta terça-feira (08), houve uma queda de 45% em relação ao prejuízo registrado no mesmo período de 2022.
A receita líquida de vendas recuou 9% em relação ao mesmo período do ano passado, somando R$ 17,756 bilhões.
O Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) foi de R$ 703 milhões no período, queda de 82% ante o segundo trimestre de 2022. Na comparação, foi registrada queda de 34%.
“Ao longo do 2º trimestre, o cenário de demanda global seguiu impactado em função, principalmente, (i) do menor nível de consumo global como resultado das elevadas taxas de juros e da pressão inflacionária persistente; (ii) do efeito da desestocagem da cadeia de transformação; e (iii) da recuperação da atividade industrial da China abaixo das expectativas do mercado”, declarou a empresa.
“Além da menor demanda observada no período, a entrada em operação de novas capacidades continuou impactando os spreads químicos e petroquímicos no mercado internacional”, destaca o relatório.