O resultado do primeiro trimestre de 2023 da Braskem (BRKM5) será anunciado nesta segunda-feira (8) e tem tudo para ser um indicativo de um ano promissor para a companhia.
Depois das turbulências passadas nos últimos meses envolvendo resultados ruins, propostas de compra e até mesmo ser responsabilizada do fenômeno que vem fazendo um bairro inteiro desaparecer em Maceió (AL), analistas ouvidos pelo BP Money acreditam que os ventos devem finalmente soprar a favor da companhia.
O motivo do otimismo está principalmente no exterior e envolve as duas maiores economias do mundo. “O resultado deve ter uma melhora, não em relação ao mesmo trimestre do ano anterior, mas em um curto prazo, quando você compara ao quarto trimestre de 2022. A perspectiva passa por uma situação um pouco delicada, não apresentando um resultado fantástico, mas a expectativa de 2023 é que seja uma guinada para ela. Já estão dando como certo o aumento de consumo do polipropileno pelos EUA e de polietileno pela China, queterá uma reabertura maior com o Brasil”, disse o fundador da Gava Investimentos e pós-graduado em análise financeira, Ricardo Brasil.
Para o analista de investimentos do Andbank, Fernando Bresciani, a prévia divulgada pela empresa já dá um indicativo de recuperação. “A utilização da capacidade de eteno aumentou no Brasil de 72% para 77%. As plantas de polipropileno nos EUA aumentaram a capacidade de 75% para 81% e no México de 69% para 72%. As vendas no Brasil cresceram 3% com as exportações recuperando 10%. Nos EUA e Europa as vendas subiram em média 1% e no México 11%”, exemplificou.
Bresciani projeta resultado positivo que deve se consolidar ao longo de 2023. “O principal motivo deve ser a recuperação no México, impulsionada pela forte queda do preço do etano. O lucro deve reverter o prejuízo do último tri, um lucro baixo ainda, inferior a 20 milhões de dólares, mas as expectativas continuam positivas para os spreads se recuperando ao longo do ano com a volta da China”, prevê.
Atenção com o dólar
Ricardo Brasil avalia que o que pode atrapalhar o desempenho da empresa é a cotação do dólar. A moeda americana vem enfrentando fortes oscilações nos primeiros meses do ano, muitas vezes voltando ao patamar dos 4 reais.
“Uma coisa importante para a gente e ater é o dólar. A Braskem é uma empresa que exporta, então não adianta ela melhorar os números e ter um dólar a 4,50 a 4 reais que vai impactar diretamente na empresa. Temos dois fatores: se o dólar permanecer acima de 5 reais as margens da empresa vão melhorar, e essa demanda de consumo que está aparentemente alinhada com o mercado. Assim vamos ver o resultado a longo prazo, talvez no início de 2024″, indicou.
Braskem: ações fecham em forte alta após proposta
As ações da Braskem fecharam com forte alta na sexta-feira (5), após a estatal Adnoc, de Abu Dhabi, nos Emirados Árabes Unidos, oferecer até R$ 37,5 bilhões pelo controle da companhia, pertencente a Novonor (ex-Odebrecht). O papel PNA da empresa fechou com saldo positivo de 25,39%, cotado a R$ 24,10.
De acordo com o jornal Folha de S. Paulo, a operação será feita em parceria com o fundo americano Apollo e apresentada a representantes dos principais credores da Braskem — Santander (SANB11), Banco do Brasil (BBAS3), BNDES, Bradesco e Safra. Para exercer o controle, a Adnoc quer pagar prêmio de 135% sobre o valor das ações, ou R$ 47 por ação.
Os bancos receberiam parte da dívida de R$ 14 bilhões em dinheiro e a diferença seria convertida em dívida com a nova companhia. O preço de R$ 47 por ação será estendido a todos os acionistas da companhia atualmente, inclusive fundos de investimento com participação minoritária.
Ainda de acordo com à publicação, a proposta também inclui que a Adnoc assuma o problema causado pela Braskem em Alagoas, onde ocorreu o afundamento do solo em Maceió.