O TCU (Tribunal de Contas da União) deve suspender temporariamente a venda da Braskem (BRKM5) por conta da crise ambiental envolvendo a empresa no estado de Alagoas, segundo publicou o Bloomberg nesta quinta-feira (20).
De acordo com a publicação, antes de ser vendida, a petroquímica terá que apurar os custos dos danos relacionados ao projeto de extração de sal que causou o colapso do solo em Maceió, obrigando cerca de 50.000 pessoas a deixar suas casas em 2018.
A decisão do TCU deve sair nas próximas semanas. Isso afeta a venda porque a Petrobras (PETR3; PETR4) é a segunda maior acionista da Braskem. A Petrobras tem o direito de preferência na compra da participação que o principal acionista da Braskem, a Novonor, deseja vender.
Antes que parte da Braskem seja vendida, os acionistas precisam calcular o custo dos danos e explicar como o problema será resolvido, disse a fonte. A preocupação do tribunal de contas é que, se tais custos não forem previamente estimados, a Petrobras pode acabar pagando a conta.
A Braskem e o TCU não responderam imediatamente a e-mails solicitando comentários.
Governo de Alagoas quer participar das negociações
Na semana passada o Governo de Alagoas emitiu nota criticando o processo de venda da Braskem (BRKM5) e reivindica participar das negociações. Em Maceió, em 2018, houve um afundamento no solo de cinco bairros da capital alagoana em decorrência de mineração feita pela Braskem na região.
“Não faz sentido algum que, justo Alagoas – vitimado pelo mega desastre provocado pela Braskem em Maceió, com reflexos ambientais em todo o estado – seja alijado das negociações, visto o interesse público envolvido de milhares de habitantes do estado”, disse o governo estadual em nota.
De acordo com o governo, o acidente tornou Alagoas o “maior credor da Braskem”. O governo afirma que tem uma dívida que “supera a casa de duas dezenas de bilhões de reais, na soma de todos os atores e locais atingidos”. Segundo o governo, houve a realocação de 17 mil imóveis, 60 mil pessoas tiveram que abandonar suas casas, 3.600 empresas foram fechadas, desempregando dez mil pessoas.
“É imperativo informar aos interessados na aquisição da Braskem que o chamado passivo de Alagoas está ainda longe de ter sua resolução positivamente encaminhada”, disse o governo.