A secretária da Fazenda de Alagoas, Renata Santos, afirma que estudos recentes encomendados pelo governo do estado mostram que os estragos causados pelo desastre ambiental em Maceió podem chegar a valores que variam de cerca de R$ 20 bilhões a R$ 30 bilhões.
A capital alagoana sofre com afundamento do solo em ao menos 10 bairros, onde a Braskem (BRKM5) mantém minas de sal-gema, material usado na produção de itens como PVC e soda cáustica.
“Estamos discutindo os problemas com a Braskem desde 2019. Ao longo desse tempo, fizemos vários estudos. Em um deles, o mais recente, as estimativas de custo chegam, no cenário mais estressado, a R$ 30 bilhões. A menor avaliação de perdas é de cerca de R$ 20 bilhões”, disse a secretária em entrevista ao portal Metrópoles, parceiro do BP Money.
As estimativas incluem impactos em seis áreas. Elas abrangem desde perdas do patrimônio físico do estado, caso de escolas e equipamentos de saúde, a danos individuais (morais) e coletivos (ambientais), além do sufoco provocado na Região Metropolitana de Maceió pelo deslocamento já realizado de mais de 60 mil pessoas, moradores das áreas afetadas, o equivalente a 5,8% da população da capital alagoana
Renata Santos criticou o acordo feito pelo município com a petroquímica. “Em linhas gerais, o município faz uma quitação de tudo. Tudo que estava no passado e pode estar no futuro. Por meio desse acordo, a empresa também está comprando as casas nas regiões afetadas pelo afundamento do solo. Daqui a 20 ou 30 anos, quando o problema estiver estabilizado, a Braskem vai ser dona de uma área de até 20% de Maceió”, afirmou.
Crise afasta interessados na empresa
Se já estava difícil antes, a crise ambiental em Maceió (AL) inviabilizou de vez as chances de surgir um novo concorrente à aquisição da Braskem, que agora só tem um interessado, segundo o jornal “O Globo”.
De acordo com a publicação, a Unipar (UNIP6), uma das maiores petroquímicas do país, e a J&F, holding controlada pela família Batista, não estão mais na disputa pela companhia.
Além da saída da Unipar e da J&F, o fundo de private equity americano Apollo Global Management já havia deixado o negócio há alguns meses. Hoje, está na disputa apenas a Abu Dhabi National Oil Company (Adnoc), a estatal de petróleo de Abu Dhabi que, segundo fontes, tenta uma negociação com a Petrobras.
A petroquímica é uma sociedade entre a Petrobras e a Novonor (ex-Odebrecht). Esta última é a controladora e foi quem colocou a Braskem à venda. As propostas das duas empresas venceram e, com as incertezas atuais, não deverão ser reapresentadas, segundo fontes.
De acordo com o jornal, por conta da crise na capital alagoana, uma possível futura venda da Braskem poderá ocorrer somente em 2025, tendo em vista que a empresa pode se tornar alvo de uma CPI e de novos processos judiciais.
Segundo fontes, o principal entrave de todas as negociações, cujas ofertas chegaram a R$ 10,5 bilhões, envolve justamente Maceió. Um alto executivo envolvido na operação disse que a “solução completa” para as incertezas em Maceió é uma das pré-condições para a aquisição avançar. É, por isso, que todas as ofertas até hoje foram “não-vinculantes”.
Na prática, significa que não são ofertas firmes. Uma fonte entre os acionistas da Braskem admite que o cenário hoje “é desafiador”.
“Quem está olhando a Braskem, sabe o problema, mas há incerteza, pois há uma preocupação que possam ocorrer mais indenizações. E ainda há também discussões envolvendo o Estado que ainda não estão fechadas. Esse é um processo que ainda está ocorrendo”, disse uma fonte ouvida pelo “O Globo”.