Na sessão desta terça-feira (21), os papéis de frigoríficos se destacaram entre as baixas do Ibovespa. O movimento repercutiu o anúncio de casos de gripe aviária na Geórgia, nos EUA, que é um dos principais produtores de frango. A BRF (BRFS3) fechou com queda de 6,61% e liderou as perdas, enquanto a Marfrig (MRFG3) veio logo em seguida, com baixa de 4,04%.
Além da BRF, outra exportadora de carne brasileira da Bolsa, a JBS (JBSS3), dona da Seara, teve baixa mais tímida, mas ainda assim caiu 1,84%.
Após a confirmação de um caso de gripe aviária altamente patogênica em uma propriedade do condado de Elbert, o estado da Geórgia decidiu, no sábado (18), suspender temporariamente todas as atividades relacionadas à avicultura e as vendas de aves.
Um comunicado foi emitido pela ABPA (Associação Brasileira de Proteína Animal) para seus membros informando sobre a confirmação de um surto de Influenza Aviária em aves comerciais no estado da Geórgia, na segunda-feira (20).
“O caso de gripe aviária levanta um alerta para as empresas brasileiras do setor de frigoríficos reforçarem suas operações para evitar uma crise sanitária no país. Com o aumento do risco, ações da BRF, Marfrig e JBS, que atuam com a produção de aves, foram pressionadas”, avaliou a Nord Research.
Conforme a avaliação da casa, ainda é cedo para avaliar qualquer impacto potencial nas operações domésticas, pois as medidas para controlar casos semelhantes foram eficazes em vários países no passado recente, incluindo o Brasil.
BRF (BRFS3): BofA eleva preço-alvo após alta dos preços de frango
O BofA (Bank of America) elevou o preço-alvo das ações da BRF (BRFS3) de R$ 28 para R$ 29, em um movimento baseado no enfraquecimento do real e pela alta recente dos preços do frango no Brasil. Em relatório, assinado pelas analistas Isabella Simonato e Julia Zaniolo, o banco manteve a recomendação “neutra” para o papel.
A expectativa do BofA é que o real tenha um valor médio de R$ 6,11 em 2025, frente à projeção anterior de R$ 5,62, sendo assim, os resultados da BRF serão positivamente afetados. Além disso, o aumento nos preços do frango, impulsionado pela menor oferta de carne bovina, também favorece a companhia.
“Esperamos que o momento sólido de ganhos persista no primeiro semestre de 2025, mas assumimos uma inflexão nas margens a partir do segundo semestre, com a aceleração da oferta de frango”, consta no relatório.
Mesmo diante dos desafios esperados na segunda metade do ano, as analistas do BofA apontaram que a menor disponibilidade de carne bovina pode sustentar a demanda e os preços do frango.
Em paralelo a isso, fatores como menor taxa de eclosão de ovos e maior mortalidade de aves podem limitar um aumento significativo na produção. Outra influencia sobre a BFR será a sazonalidade.
“Os preços do frango nos EUA caíram cerca de 20% no quarto trimestre de 2024, mas estão subindo no Brasil devido aos preços mais altos da carne bovina”, explicou o BofA no documento.
O tema central em 2025 seguirá sendo o cenário de oferta e demanda de frango no Brasil, segundo o BofA. O banco reconheceu que os custos baixos de ração e uma oferta apertada mantiveram as margens dos produtores em níveis elevados ao longo de 2024, praticamente o dobro do registrado em 2023.