As ações da BRF (BRFS3) receberam recomendação de venda da Goldman Sachs. Apesar da notícia de que o frigorífico irá receber um aporte de R$ 4,5 bilhões, os analistas do banco norte-americano citaram a questão da gripe aviária como decisiva para a recomendação.
Em relatório, a Goldman Sachs afirmou que a doença se tornou um risco maior após ser detectada no Paraná, maior produtor de aves do Brasil.
“Embora os casos até agora estejam restritos a animais selvagens, a doença tem se intensificado e vemos crescentes riscos de um possível contágio para plantas comerciais (o que pode desencadear restrições temporárias de comércio). A BRF apresenta os maiores riscos em nossa cobertura e reiteramos nossa classificação de venda para a ação”, escreveu o analista Thiago Bortoluci, que assinou o relatório do banco.
Desde o dia 15 de maio, o Brasil já acumula 49 casos de gripe aviária, espalhados por seis estados. No Espírito Santo e no Amazonas, autoridades já investigam duas mortes de animais domésticos.
“Vemos riscos significativamente maiores para a BRF, já que ela deriva 24% de suas vendas das exportações de frango do Brasil. A experiência de outros países sugere que tende a ser relativamente difícil isolar totalmente as plantas comerciais e uma possível propagação da doença pela região Sul poderia desencadear restrições significativas de comércio (mesmo entre os parceiros que podem adotar apenas restrições regionalizadas”, acrescentou a Goldman Sachs.
Além disso, a instituição financeira pontuou que a BRF ainda luta contra a alta alavancagem e a geração negativa de fluxo de caixa livre nos últimos anos. Por conta disso, novas pressões em suas operações internacionais poderiam “adicionar riscos materiais de curto prazo para os lucros e compensar parcialmente a oferta subsequente de R$ 4,5 bilhões em andamento”.
BRF (BRFS3): BofA corta recomendação de venda
No início de junho, a BRF (BRFS3) teve sua recomendação de venda elevada para neutra pelo Bank of America. A casa ainda elevou o preço-alvo da companhia de R$ 6,30 para R$ 8,50.
A avaliação surge após a BRF ter informado em 31 de maio que a Marfrig (MRFG3) e a companhia saudita de investimentos SALIC se comprometeram a realizar um aporte de R$ 4,5 bilhões na companhia.
“A operação reduziria as despesas financeiras em cerca de R$ 600 milhões e a relação entre dívida líquida e Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização, na sigla em inglês) em 0,9 vez”, afirmaram os analistas do banco norte-americano sobre a BRF.