A BRF (BRFS3) apresentou ao mercado na noite de segunda-feira (13), o balanço do terceiro trimestre de 2023 (3T23). A companhia reportou um aumento significativo no prejuízo líquido, quase dobrando em comparação ao mesmo período do ano anterior. O resultado negativo cresceu 91%, atingindo R$ 262 milhões.
O desempenho ainda foi impactado pela sobreoferta de carne de frango no mercado internacional e pela suspensão temporária das vendas brasileiras para o Japão. Antes desses eventos, a BRF vinha operando em proximidade ao ponto de equilíbrio em suas exportações.
Entre julho e setembro, o Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) da empresa detentora das marcas Sadia e Perdigão apresentou uma queda de 13%, totalizando R$ 1,2 bilhão. Já a receita da companhia registrou uma redução de 1,8% em comparação ao mesmo intervalo de 2022, alcançando R$ 13,8 bilhões.
Visão do CEO
O CEO da empresa, Miguel Gularte, caracterizou o terceiro trimestre como “desafiador”, seguindo a tendência observada ao longo de todo o ano de 2023. No entanto, o executivo expressa otimismo em relação aos resultados projetados para o quarto trimestre e para 2024. Isso se baseia na perspectiva de normalização do cenário de oferta e na retomada do equilíbrio entre o volume de abate e a demanda do consumidor.
“As projeções do quarto trimestre nos deixam entusiasmados. É um trimestre em que a BRF tradicionalmente tem uma boa performance e estamos animados com os itens natalinos e os kits para as festas”, disse Gularte, durante conversa com jornalistas.
Apesar dos resultados desafiadores, 2023 marcou a implementação bem-sucedida do programa de eficiência da BRF, denominado BRF+. As sinergias alcançadas pelo projeto atingiram R$ 677 milhões até o final do terceiro trimestre, superando as expectativas para o período. Para o ano, a previsão é atingir um total de R$ 3 bilhões em sinergias.
Agora, a empresa já trabalha no BRF+ 2.0, onde as entregas prometidas para 2024 serão adicionadas às de 2023. As metas da nova versão serão definidas até o fim de novembro, mas já é sabido que os números não serão tão expressivos.
“Será um projeto muito mais acurado do que foi o de 2023, com iniciativas mais refinadas. Vamos agregar, por exemplo, o projeto osso branco para suínos”, disse Gularte. “Não é simplesmente otimismo para 2024, é realismo”, apostou o executivo.
A BRF anunciou, na segunda-feira (13), a desistência da venda de sua unidade de pet food. Durante a discussão dos resultados trimestrais com os jornalistas, Fabio Luis Mariano, vice-presidente financeiro da empresa, declarou que a decisão foi tomada devido à ausência de propostas que refletissem adequadamente o potencial dos ativos, indicando que nenhuma oferta justa foi recebida pela companhia.
“Agora, o foco é passar a executar o plano de negócios que tínhamos desenhado para a unidade, capturando as sinergias que esperamos”, disse Mariano.