Café com BPM: bolsas recuam com nova ofensiva dos EUA

As bolsas globais operam em baixa na manhã desta quarta-feira (16), refletindo tensões renovadas entre EUA e China. O governo norte-americano proibiu a venda do chip H20 — da fabricante de semicondutores Nvidia — ao mercado chinês, em mais um capítulo da escalada tecnológica e comercial entre Washington e Pequim.

A medida deve gerar perdas bilionárias à empresa, estimadas em US$ 5,5 bilhões, e ofuscou o dado positivo do PIB chinês divulgado na noite anterior, que apontou crescimento de 5,4% no primeiro trimestre, superando a expectativa de 5,1%.

Nos EUA, a agenda econômica promete movimentar o dia. Às 9h30 (horário de Brasília), saem os números das vendas no varejo em março, que podem sinalizar tanto um enfraquecimento no consumo quanto uma antecipação nas compras diante da incerteza econômica.

Mais tarde, às 14h30, o presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, discursa e deve reforçar a perspectiva de manutenção dos juros no curto prazo, em meio às turbulências da guerra comercial.

O mercado de futuros da CME agora aponta para um primeiro corte na taxa apenas em junho, enquanto a probabilidade de manutenção dos juros em maio (entre 4,25% e 4,50%) gira em torno de 80%.

Em resposta à medida dos EUA, a Bloomberg noticiou que autoridades chinesas orientaram transportadoras a interromper a aquisição de peças de aviões fabricados nos Estados Unidos, ampliando as tensões. Em sua plataforma Truth Social, Donald Trump acusou Pequim de romper unilateralmente um “grande acordo com a Boeing”.

Um dos maiores conglomerados aéreos do mundo, o China Southern — com 932 aeronaves em operação — transportou 165 milhões de passageiros e 1,8 milhão de toneladas de carga em 2024, sendo diretamente impactado por essas novas diretrizes comerciais.

EUA

Os índices futuros em Nova York começaram a madrugada em forte baixa, pressionados pelo recuo de 6,31% das ações da Nvidia no after market. Além do relatório de vendas no varejo, investidores estão atentos a dados de produção industrial que também serão divulgados nesta quarta-feira (16).

Cotação dos índices futuros dos EUA:

Dow Jones Futuro: -0,79%

S&P 500 Futuro: -1,40%

Nasdaq Futuro: -2,19%

Bolsas asiáticas

Na Ásia, as bolsas encerraram o dia com movimentos mistos. O índice de Xangai subiu sustentado pelo bom desempenho do PIB, mas Shenzhen — mais exposta ao setor tecnológico — fechou em queda, acompanhando o impacto da medida contra a Nvidia. No Japão, o Nikkei cedeu, enquanto Taiwan teve ganhos expressivos.

Shanghai SE (China), +0,26%

Nikkei (Japão): -1,01%

Hang Seng Index (Hong Kong): -0,13%

Kospi (Coreia do Sul): -1,21%

ASX 200 (Austrália): -0,04%

Bolsas europeias

Já na Europa, os principais índices operam no vermelho, em meio à insegurança persistente sobre a política tarifária norte-americana.

A holandesa ASML recuava 5,5% após divulgar resultados abaixo das expectativas e sinalizar riscos comerciais. No Reino Unido, o índice de inflação ao consumidor subiu 2,6% em março, levemente abaixo da previsão de 2,7%, segundo dados oficiais divulgados nesta manhã.

STOXX 600: -1,32%

DAX (Alemanha): -1,34%

FTSE 100 (Reino Unido): -0,79%

CAC 40 (França): -1,21%

FTSE MIB (Itália): -1,32%

Radar corporativo

A JBS (JBSS3) segue a caminho de sua listagem na Bolsa de Valores de Nova York, a NYSE. Segundo um documento protocolado na segunda-feira (14) na SEC (Securities and Exchange Commission), o órgão regulador do mercado de capitais norte-americano, a listagem das ações nos EUA pode acontecer ainda no primeiro semestre.

Além disso, após o fechamento desta terça-feira (15), quando a Vale (VALE3) encerrou com perdas de 1,01%, a mineradora reportou os dados de produção de minério de ferro do primeiro trimestre, que somou 67,664 milhões de toneladas métricas (mt). O número representa uma queda de 4,5% na base anual.