
As bolsas hoje iniciam a quarta-feira (10) em compasso de espera pela decisão de juros da Super Quarta. Na Europa, os índices recuam após declarações do presidente dos EUA, Donald Trump, sobre a liderança política do continente.
Na Ásia, o pregão terminou misto, enquanto os índices futuros de Nova York caem. No câmbio, o dólar hoje sobe frente ao real e acompanha o movimento da divisa norte-americana no exterior.
Além disso, a última superquarta de 2025 chega nesta terça-feira (9) com expectativas bem definidas nos dois lados do continente. O Comitê de Política Monetária (Copom)deve manter a Selic em 15% ao ano pela quarta vez seguida. Enquanto isso, o Federal Reserve (Fed) caminha para o terceiro corte consecutivo, reduzindo a taxa americana em 0,25 ponto percentual.
As decisões serão divulgadas nesta quarta-feira (10). O Fed anuncia por volta das 15h (horário de Brasília) e o Copom às 18h30. O contraste entre os dois países evidencia trajetórias distintas: enquanto os EUA avançam no afrouxamento monetário, o Brasil segue com juros no maior nível em quase duas décadas.
Já no cenário político, repercute a decisão da Câmara dos Deputados, que aprovou na madrugada desta quarta-feira (10) o texto-base do projeto que reduz penas de condenados por crimes relacionados a atos golpistas, incluindo o ataque de 8 de janeiro de 2023. A proposta segue agora para análise do Senado.
EUA: futuros de Nova York em queda antes da decisão do Fed
Os índices futuros dos EUA operam em baixa nesta quarta-feira (10), com o mercado concentrado na próxima decisão do Fed sobre a taxa básica de juros.
Investidores trabalham com a leitura de que o banco central norte-americano deve cortar os juros em mais 0,25 ponto percentual, repetindo o movimento das reuniões de setembro e outubro. Segundo a ferramenta FedWatch, da CME, os contratos futuros de Fed Funds apontam probabilidade próxima de 90% para um novo corte.
Apesar desse consenso nas apostas, o Comitê Federal de Mercado Aberto (FOMC) segue dividido. Parte dos dirigentes defende reduzir os juros um pouco mais, para limitar o risco de um enfraquecimento mais acentuado do mercado de trabalho. Outro grupo, porém, alerta que cortes adicionais podem reacender pressões inflacionárias.
Bret Kenwell, analista de investimentos da eToro, resumiu o clima em Wall Street:
“Embora um corte na taxa de juros pareça quase certo neste momento, as projeções econômicas do Fed e os comentários do presidente Powell terão um papel importante na reação dos mercados, não apenas nesta semana, mas possivelmente definindo o tom para o restante do mês”, afirmou.
Segundo ele, após a queda recente das ações e criptomoedas, investidores dispostos a risco “esperam que o Fed facilite uma recuperação no fim do ano, em vez de esfriar os ânimos”.
Cotação dos futuros em Nova York por volta do início da manhã:
- Dow Jones Futuro: -0,12%
- S&P 500 Futuro: -0,11%
- Nasdaq Futuro: -0,20%
Esses movimentos reforçam a leitura de que os futuros de Nova York em queda refletem cautela na véspera de anúncios do banco central norte-americano.
Bolsas da Ásia hoje: pregão misto à espera do Fed
As bolsas da Ásia hoje encerraram a sessão de forma mista. Investidores da região também aguardam sinais sobre os próximos passos da política monetária dos EUA na última reunião do ano do Fed.
No mercado chinês, ações do setor imobiliário avançaram, apoiadas pela expectativa de novas medidas de suporte do governo ao segmento. Em outras praças, os principais índices alternaram movimentos, com ganhos em Taiwan e queda na Coreia do Sul.
Desempenho dos principais índices na região Ásia-Pacífico:
- Shanghai SE (China): -0,23%
- Nikkei (Japão): -0,08%
- Hang Seng Index (Hong Kong): +0,42%
- Nifty 50 (Índia): -0,08%
- ASX 200 (Austrália): -0,08%
Esse quadro reforça que o investidor asiático segue atento à decisão do Fed e à leitura que o banco central fará sobre inflação e atividade global.
Bolsas da Europa em baixa após fala de Trump
As bolsas da Europa operam, em sua maioria, no campo negativo nesta quarta-feira (10). Além da expectativa em torno da política monetária norte-americana, os mercados reagem às declarações recentes do presidente Donald Trump sobre lideranças europeias.
Segundo o republicano, alguns líderes do continente são “fracos” e a Europa estaria “em decadência”. Ele afirmou ainda que, na avaliação dele, esses governantes não têm mostrado capacidade para lidar com temas como imigração e guerra na Ucrânia.
Ao mesmo tempo, Trump indicou manter boa relação com nomes específicos, como o primeiro-ministro britânico Keir Starmer e a primeira-ministra italiana Giorgia Meloni.
Os índices europeus registram o seguinte quadro pela manhã:
- STOXX 600: -0,13%
- DAX (Alemanha): -0,47%
- FTSE 100 (Reino Unido): +0,13%
- CAC 40 (França): -0,36%
- FTSE MIB (Itália): -0,50%
Na prática, as bolsas da Europa em baixa combinam a repercussão das falas de Trump com a espera por sinais mais claros do Fed sobre juros e crescimento global.
Dólar hoje: moeda sobe frente ao real e acompanha DXY
No câmbio, o dólar hoje avança em relação ao real, depois de uma sessão anterior de queda. O movimento local segue o comportamento da moeda norte-americana no exterior.
Na véspera, o dólar comercial fechou com alta de 0,26%, com os seguintes níveis de cotação:
- Venda: R$ 5,435
- Compra: R$ 5,434
- Mínima: R$ 5,421
- Máxima: R$ 5,495
No mercado global, a moeda dos EUA também se apreciou em relação a uma cesta das principais divisas. O índice DXY, que acompanha essa variação, registrou alta de 0,14%, aos 99,23 pontos.
Para o investidor brasileiro, esse cenário reforça a importância de acompanhar tanto a cotação do dólar hoje quanto a curva de juros norte-americana, uma vez que movimentos de Fed e câmbio influenciam diretamente fluxos para emergentes.
Wall Street: relembre o fechamento da véspera
Na véspera, os principais índices em Nova York encerraram o pregão de forma mista, em linha com a cautela antes do anúncio de política monetária do Fed, previsto para esta semana.
- Dow Jones: -0,37%
- S&P 500: -0,09%
Segundo Bret Kenwell, da eToro, a dinâmica recente de mercado mostra que, após uma queda de ações e criptoativos, “investidores com apetite por risco esperam que o Fed permita uma recuperação no fim do ano, em vez de interromper o rali assim que ele começou a ganhar tração”.
Na prática, os dados de inflação e atividade, somados às projeções atualizadas do Fed, devem direcionar o apetite ao risco global, afetando não só Nova York, mas também as bolsas da Europa, as bolsas da Ásia hoje e o humor nos emergentes.