Pré-mercado

Café com BPM: Trump ‘larga o osso’ e bolsas globais ganham fôlego

No fim das contas, o que se vê é um Trump obrigado a recalcular sua rota, pressionado pelos impactos econômicos de uma guerra que ele mesmo iniciou

Foto: Freepik
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Depois de uma sequência amarga de cinco dias de fortes quedas nos mercados globais, os investidores finalmente encontraram algum alívio nesta quinta-feira (10). Donald Trump decidiu recuar em sua guerra tarifária contra o mundo, admitindo — ainda que indiretamente — que seu plano não estava funcionando. 

A crise, que se agravava a cada nova rodada de retaliações, começava a minar não só sua política comercial, mas também a estabilidade econômica dos EUA.

Na quarta-feira (9), a China respondeu com firmeza a uma nova leva de tarifas americanas, elevando as suas próprias taxas sobre produtos dos EUA para 84%. Foi o estopim para a mudança de postura de Trump, que resolveu dar um passo atrás.

Ainda que tenha elevado as tarifas contra a China para 125%, reduziu as taxas sobre os demais países para 10%, com validade de 90 dias. A medida foi suficiente para provocar uma onda de otimismo nas bolsas, que reagiram imediatamente ao sinal de trégua.

Em um discurso conciliador no Salão Oval, Trump fez acenos diretos a Xi Jinping, dizendo esperar um telefonema do líder chinês e afirmando ter “certeza de que chegarão a um acordo muito bom para os dois países”.

Ao passo em que reconhecia o peso da liderança de Xi, Trump chegou a descrevê-lo como “uma das pessoas mais inteligentes do mundo”, e afirmou manter com ele uma “excelente relação”.

Isentou o presidente chinês de responsabilidade pelo déficit comercial norte-americano, atribuindo a culpa aos antigos ocupantes da Casa Branca. Também garantiu que o acordo envolvendo o TikTok “ainda está na mesa”.

Apesar da mudança de tom em Washington, Pequim não parece inclinada a ceder rapidamente. Na mesma quarta-feira, o Ministério do Comércio da China anunciou que o país pretende aprofundar a cooperação com a União Europeia no setor automotivo, com foco especial em veículos elétricos. Resta saber como os europeus vão responder à proposta.

No fim das contas, o que se vê é um Trump obrigado a recalcular sua rota, pressionado pelos impactos econômicos de uma guerra que ele mesmo iniciou — e que começa a se voltar contra ele.

EUA

Os índices futuros dos EUA operam no vermelho, refletindo um misto de alívio temporário e incertezas persistentes em torno da guerra comercial liderada por Donald Trump.

Na tentativa de conter os danos de uma escalada tarifária que já vinha sufocando os mercados, Trump decidiu suspender, por 90 dias, os aumentos de tarifas aplicados a dezenas de parceiros comerciais.

Mas a trégua veio com um recado duro à China: as tarifas para os produtos chineses foram elevadas para 125%, uma resposta direta às retaliações de Pequim, que havia anunciado uma taxa de 84% sobre importações americanas.

Apesar da tensão persistente entre as duas maiores economias do mundo, o gesto de Trump foi bem recebido pelos mercados globais. Na véspera, Wall Street registrou sua maior onda de compras desde 2008, impulsionando bolsas em todo o planeta.

Cotação dos índices futuros dos EUA:

Dow Jones Futuro: -1,40%

S&P 500 Futuro: -1,79%

Nasdaq Futuro: -2,17%

Bolsas asiáticas

O reflexo dessa euforia chegou à Ásia-Pacífico nesta quinta-feira, onde os mercados fecharam em forte alta. O Japão puxou os ganhos: o índice Nikkei 225 disparou 9,13%, atingindo 34.609 pontos, enquanto o Topix avançou 8,09%.

Shanghai SE (China), +1,16%

Nikkei (Japão): +9,13%

Hang Seng Index (Hong Kong): +2,06%

Kospi (Coreia do Sul): +6,60%

ASX 200 (Austrália): +4,54%

Bolsas europeias

Na Europa, o clima também é positivo. As bolsas do continente acompanham o rali iniciado nos EUA, animadas com o gesto de recuo parcial por parte da Casa Branca. A suspensão das tarifas — mesmo que não se estenda à China — foi suficiente para reacender o apetite ao risco entre os investidores.

No radar desta quinta, além do cenário comercial, o foco se volta agora para os dados econômicos americanos. Os mercados aguardam com atenção a divulgação do índice de preços ao consumidor (CPI) de março e os pedidos semanais de seguro-desemprego.

A leitura final do CPI será conhecida apenas na manhã de sexta-feira e deve trazer pistas importantes sobre o rumo da política monetária do Fed.

Mesmo com os sinais de alívio no curto prazo, o cenário ainda está longe de uma resolução definitiva. A tensão com a China continua elevada, e as respostas de Pequim — e possivelmente da União Europeia — ainda estão por vir.

STOXX 600: +5,27%

DAX (Alemanha): +5,90%

FTSE 100 (Reino Unido): +4,11%

CAC 40 (França): +5,43%

FTSE MIB (Itália): +6,35%

Ibovespa: relembre a véspera

Ibovespa, principal índice acionário brasileiro, fechou a sessão da última quarta-feira (9) com alta de 3,12%, aos 127.795,93 pontos. O dólar comercial caiu 2,54%, a R$ 5,84.

O mercado financeiro nacional e externo viveu grandes emoções na sessão desta quarta-feira. O dia começou com nova retaliação tarifária da China, o Ibovespa em baixa e o dólar disparando, e termina com pausa nas tarifas de Trump, Bolsas saltando e o real valorizado.

Radar corporativo

Sabesp (SBSP3) anunciou nesta quarta-feira (9) que deve receber cerca de R$ 1,48 bilhão, no prazo estimado de até seis meses, relacionados a acordos de liquidação de precatórios firmados com a Prefeitura de São Paulo.

Além disso, a Azul (AZUL4) comunicou nesta quarta-feira (9) que foram subscritas 1,2 bilhão de novas ações ordinárias e aproximadamente 153 mil novos papéis preferenciais, somando R$ 72,7 milhões no âmbito do seu aumento de capital.

Agenda do dia

Indicadores

▪️09h00 – IBGE: Pesquisa Mensal de Serviços (fev)

▪️09h30 – EUA/Deptº do Trabalho: CPI (mar)

▪️09h30 – EUA/Deptº do Trabalho: Pedidos de auxílio-desemprego

▪️10h00 – ABCR: Fluxo em estradas pedagiadas (mar)

Eventos

▪️10h30 – Lorie Logan (Fed/Dallas) discursa

▪️11h00 – Jeffrey Schmid (Fed/Kansas City) discursa

▪️20h00 – Banco Central do Peru decide juros

▪️11h00 – Michelle Bowman (Fed) participa de audiência no Senado dos EUA

▪️11h30 – Diretor do BC Ailton De Aquino fala em evento do BNDES, no Rio

▪️13h00 – Austan Goolsbee (Fed/Chicago) discursa

▪️13h30 – Patrick Harker (Fed/Filadélfia)