Inflação e juros

Caged: desaceleração acende alerta para economia e pode impactar Selic

Uma desaceleração do mercado de trabalho pode “ser um fator-chave para moderar futuras altas da Selic”, segundo especialistas

Ibovespa
Foto: CanvaPro/Ibovespa

O Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados), divulgado na última quinta-feira (30), veio menor que as expectativas de agentes de mercado. O dado, somado aos números de desocupação, que chegaram a 6,2%, da PNAD (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios), reforçou a ideia de que a inflação está caminhando para o “arrefecimento”.

Segundo o Caged, o mercado de trabalho brasileiro teve uma abertura líquida de 1.693.673 vagas de carteira assinada em 2024. Em dezembro, houve um saldo negativo de 535.547 vagas, com 1.524.251 admissões e 2.059.798 desligamentos.

“O resultado do Caged, com o fechamento de 535,5 mil vagas formais em dezembro, reflete uma desaceleração significativa da atividade econômica, além dos efeitos sazonais típicos do mês”, comentou Carlos Braga Monteiro, CEO do Grupo Studio.

Segundo o especialista, esse número “acima do esperado” pode levar a preocupações sobre uma fraqueza estrutural adjacente, especialmente em setores ligados ao consumo e serviços.

O mercado enxerga que esse cenário dá sinais de alerta, indicando um ritmo mais lento de recuperação econômica em 2025.

Por outro lado, outros especialistas apontam que, mesmo com a surpresa do dado acima do esperado, ainda é cedo para afirmar que há uma tendência de desaceleração econômica.

“Dezembro foi um dado isolado. Para podermos confirmar essa tendência, os números de janeiro, fevereiro e março precisam vir acima do que foram no mesmo período do ano passado, no caso do Caged, o número líquido”, declarou Leandro Manzoni, analista de economia do Investing.

Caged: desaceleração do mercado de trabalho pode ser ‘fator-chave’ para a Selic

Uma desaceleração do mercado de trabalho, de acordo com Monteiro, pode “ser um fator-chave para moderar futuras altas da Selic”. Ou seja, com a criação de empregos mais lenta, é esperada uma redução na demanda agregada, aliviando parte das pressões inflacionárias.

“Isso dá ao Banco Central margem para uma postura mais cautelosa e pode influenciar o ritmo de futuras decisões, buscando equilibrar o combate à inflação com o suporte à atividade econômica”, afirmou Monteiro ao BP Money.

Além disso, o Caged também pode reforçar a visão de que o ciclo de alta na Selic (taxa básica de juros) pode estar próximo de um limite ou ser interrompido nos próximos meses. Todo esse cenário faz o mercado reavaliar suas expectativas, elevando as apostas de que o BC (Banco Central) pode manter a Selic estável após os recentes aumentos, principalmente se os indicadores de atividade econômica continuarem dando sinais de enfraquecimento.

Bolsa brasileira pode ser afetada por cenário

Em relação à Bolsa brasileira, empresas voltadas ao consumo interno podem ser prejudicadas. Setores como varejo e serviços tendem a sofrer com a perspectiva de menor renda disponível.

Já com um olhar otimista, setores como infraestrutura e construção civil podem ser beneficiados com menores taxas de juros, caso o BC sinalize um alívio na política monetária.