Câmara debate taxa de juros em audiência pública

Reunião contou com a presença de parlamentares e economistas que criticaram a política adotada pelo BC

 

A Comissão de Desenvolvimento Econômico da Câmara Federal, realizou nesta quarta-feira (12) uma audiência pública que tratou dos juros no país. Proposta pelo deputado Félix Mendonça Jr. (PDT), a reunião contou com a presença de parlamentares e economistas que criticaram a política adotada pelo BC (Banco Central), que mantém a taxa básica de juros no Brasil como a mais alta do mundo, em 13,75%. 

“O Brasil paga todo ano R$700 bilhões de juros e investe apenas R$70 bilhões. Isso é surreal, graças a essa taxa estratosférica definida pelo Banco Central. Estamos na contramão do mundo, prejudicando o crescimento da economia do país, atacando o setor produtivo, a competitividade das nossas indústrias, o trabalhador, o agricultor. A taxa só interessa ao sistema financeiro, que ganha com o aumento da dívida pública nacional. Temos que lutar para mudar isso”, declarou Félix.   

Assessor especial do Banco Central, Fábio Terra disse, na audiência, que a instituição pretende avançar no diálogo com outros segmentos da sociedade para elaborar o Boletim Focus, publicação on-line divulgado todas as segundas-feiras contendo resumo das expectativas de mercado a respeito de alguns indicadores da economia brasileira – o documento leva em conta a taxa de juros. “Há melhorias que podem ser feitas”, ressaltou, evitando polemizar com os deputados. 

Também participaram da audiência os economistas e acadêmicos Antônio Corrêa de Lacerda, Nelson Marconi e Roberto Ellery. Para eles, os juros altos impedem o desenvolvimento do país.

 

Campos Neto: mercado precifica queda de juro desde fevereiro

O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, disse que desde fevereiro o mercado de juros futuros voltou a precificar cortes da taxa Selic – como já havia acontecido entre meados de agosto e novembro de 2022. Nessa época, a expectativa de redução atingiu 0,79 ponto porcentual no horizonte de seis meses.

A avaliação consta da apresentação usada por Campos Neto na reunião promovida pela XP Investimentos, com investidores em Washington (EUA) nesta quarta-feira (12).

A expectativa de queda da taxa Selic se intensificou na terça (11), após o bom resultado do IPCA de março (0,71%), com a curva já apontando para chance de um primeiro corte de juros no Comitê de Política Monetária (Copom) de junho.

Campos Neto disse ainda que as expectativas de inflação de longo prazo estavam ancoradas em 2022, mas desde novembro passado iniciou-se um processo de deterioração.

“A inflação caiu, mas as pressões permanecem. O componente de demanda da inflação no Brasil é relativamente forte”, ressaltou. “Expectativas de inflação de longo prazo estavam ancoradas em 2022, mas desde novembro iniciou um processo de deterioração”, complementou.

De acordo com o Infomoney, um ponto de atenção atualmente, o mercado de crédito também foi citado na apresentação, repetindo avaliação recente dos membros do Copom. Segundo o documento, há uma desaceleração em novas concessões e uma mudança na composição em direção a modalidades mais caras, com a taxa de inadimplência em alta.