
O dólar registrou uma queda de 3,5% em março, frente a fevereiro, com a cotação passando de R$ 5,91 para R$ 5,70 (conforme cotagem até o dia 25 do mês), um movimento que, apesar da desvalorização, tem gerado atenção de especialistas devido a uma leve recuperação da moeda americana.
Em meio a esse cenário, Sidney Lima, Analista CNPI da Ouro Preto Investimentos, alerta que “a recente alta do dólar possui mais características de uma correção técnica do que um sinal claro de reversão de tendência”.
Para o especialista, a tendência de baixa segue predominando, impulsionada por fatores como o forte ingresso de capital estrangeiro e a balança comercial positiva.
A recuperação do dólar, mesmo que modesta, pode ter implicações diretas sobre a economia brasileira.
A queda acumulada de 9,40% desde o início de 2025 ainda pesa, como destaca João Kepler, CEO da Equity Group, ao afirmar que “a desvalorização de 9,40% no ano ainda pesa e o viés segue de baixa”.
No entanto, Kepler também observa que “se o dólar voltar a subir, pode pressionar custos e inflação no Brasil, mas também reaquece a competitividade das exportações”.
Ou seja, uma eventual reversão da trajetória de queda poderia causar impactos significativos na inflação, especialmente no custo de importação de produtos como combustíveis e alimentos.
“O dólar ainda acumula uma queda de 9,40% em 2025, refletindo uma tendência de baixa no ano”, Pedro Ros, CEO da Referência Capital, complementa essa análise.
No entanto, Ros também ressalta a importância de monitorar fatores externos, como “o risco fiscal global e possíveis tarifas comerciais dos EUA”, que poderiam reverter rapidamente a tendência de queda.
Fatores internos e externos influenciam o câmbio
Enquanto o fluxo de capital estrangeiro mantém o real valorizado, as flutuações no câmbio também são afetadas por decisões de política monetária dos EUA.
Carlos Braga Monteiro, CEO do Grupo Studio, observa que “o fluxo vendedor ainda está forte” e que “qualquer mudança no cenário global, especialmente na política monetária dos EUA, pode reverter esse quadro rapidamente”. Ele reforça que o viés continua baixista, mas que a volatilidade do mercado exige atenção.
Para André Matos, CEO da MA7 Negócios, a desvalorização do dólar é sustentada pela “forte entrada de capital estrangeiro, impulsionado pelo diferencial de juros”, mas ele destaca que o cenário global, incluindo “decisões do Federal Reserve e o cenário geopolítico global”, pode gerar uma instabilidade que altere o fluxo de capital e aumente a volatilidade.
Como empresários devem se preparar para a volatilidade cambial
Dada a instabilidade do câmbio, as empresas precisam estar preparadas para enfrentar oscilações no valor do dólar. Jorge Kotz, CEO do Holding Grupo X, reforça que “a leve recuperação do dólar na última sessão não altera a tendência de baixa no curto prazo”, o que favorece a redução de custos com importações.
No entanto, ele alerta que “a trajetória futura dependerá do equilíbrio entre a política fiscal brasileira, a condução da política monetária pelo Federal Reserve e o fluxo global de capitais”, aspectos que exigem vigilância constante.
Essa complexidade do mercado cambial se traduz em oportunidades para alguns setores, como o de exportações, que podem se beneficiar com a desvalorização do dólar.
No entanto, para empresas expostas ao câmbio, especialmente no comércio exterior, “adotar estratégias de hedge para mitigar riscos e preservar margens diante de possíveis oscilações” se mostra essencial, como ressalta André Matos.
O cenário de volatilidade cambial continua exigindo atenção dos empresários, que devem se adaptar rapidamente às flutuações do mercado, buscando transformar a instabilidade em oportunidades, como destaca Kepler: “o momento pede atenção ao câmbio, mas, acima de tudo, agilidade para transformar volatilidade em oportunidade”.